A música de trabalho, “Awurê”, é assinada por Teresa Cristina e Raul di Caprio. E o EP tem outra participação significativa que é a do Ogan Bangbala que, aos 101 anos, é o mais antigo Ogan vivo no país.
O grupo nasceu em Madureira, e atualmente comemora seu 3º ano de existência. O grupo surgiu de um encontro despretensioso entre amigos músicos com diferentes influências, tendo sido constituído na pluralização oriunda de diversos estilos musicais, como o Samba, Ijexá, Jongo, samba de roda e toques de candomblé.
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Sua trajetória se estabelece forjada na importância e na beleza de todo legado africano, onde o povo negro se sente pertencente a todo o processo.
Tendo como música de trabalho uma composição exclusiva de Teresa Cristina e a participação do Ogan Bangbala numa das faixas, o lançamento do EP será trasmitido no canal oficial do grupo no Youtube.
Tocando ritmos atravessados pelos tambores de diversas células rítmicas oriundas da riqueza do legado africano, o grupo formado por Fabíola Machado, Arifan Jr., Anderson Quack e Pedro Oliveira resgata a ancestralidade e combate a intolerância com arte.
“A arte também é alimento espiritual. Escolhemos esta data porque é aniversário do grupo e também dia de São Sebastião, o padroeiro do Rio de Janeiro. Este lançamento demostra o nosso respeito e cuidado com o público.
Queremos resgatar a esperança em nós e nas pessoas que estão com a gente, sonhando e acreditando que é possível. E, apesar de tudo que vivemos no ano passado, levar uma mensagem de união e afeto, mostrando como foi a construção deste EP: de maneira coletiva, afetiva, cheia de mãos, olhos e abraços virtuais, aqueles que vamos dar presencialmente em breve”, afirmou Fabíola Machado.
Duas semanas após visita para conhecer o quintal do grupo em Madureira,Teresa Cristina compôs a música de trabalho do grupo, que remete à sensação que ela e seu parceiro Raul di Caprio tiveram:
“O que o Awurê nos traz é de uma beleza do tamanho que a gente merece! É muito bonito ver a pesquisa que eles fazem, o cuidado que eles têm. A gente chega no lugar e tem uma folha no chão, um repertório pensado no que a gente está vendo. Estou muito feliz em saber que, mesmo na situação que o Rio de Janeiro está, existe um lugar, um grupo, uma intenção de mostrar a beleza da cultura negra. Isso é uma coisa que não dá para falar em muitas palavras. Eu só agradeço”, comentou a cantora e compositora.
Desde o primeiro encontro do grupo, além de uma roda de samba mensal no Quintal de Madureira, o grupo tem se apresentado em teatros e espaços culturais do Rio de Janeiro.
O EP está imperdível, e pode ser acessado a partir das 12:00 hrs do dia 20 de janeiro no YouTube
SOBRE O REPERTÓRIO:
“AWURÊ” (Teresa Cristina e Raul di Caprio)
A música que dá título ao EP parte de um Ijexá bem valente que, com o sotaque do berimbau, chama sutilmente o eletrônico e a sanfona para entrar nessa roda de diversos sons.
“FILÓ” (Khrystal / Ricardo Baya)
Uma música “filha da terra”, como ela própria se define em sua primeira estrofe. Sua letra exalta a diversidade cultural do nosso Brasil e a parte rítmica, também bem plural, tem como destaque o samba, o Torre e o Maracatu de Pernambuco.
“OYÁ OYÁ” (Arifan Jr. / Cley Santana)
Traz na sua rítmica um suave Ijexá que é embalado pelo vento, e traz no corpo de suas letras uma linda mensagem de resiliência e da força feminina.
Termina com um toque conhecido como “quebra pratos” e uma cantiga em reverência à orixá Iansã.
“PONTO DA CABOCLA DA MATA” (Luiz Antonio Simas)
Uma música em exaltação às matas, com os tambores bem explorados e ritmado no toque Congo, flertando, no final, com o samba de caboclo do Rio de Janeiro.
“POUT-POURRI SAMBA DE RODA” (Fabiola Machado / Arifan Jr. / Cláudio Gamela /Daniel Delavusca)
Não poderia falta o bom samba de roda, com aquele sotaque bem baiano, que faz o quintal do Awurê pegar fogo, além de sambas de roda baianos e cancioneiros populares centenários.
“OPAXORÔ” (Raul di Caprio)
Fechando o EP, um ijexá em reverência a Oxalá anunciando que “o fim do círculo é sempre recomeço”. No término, cânticos das cerimônias do candomblé com a participação de Bangbala, o Ogan mais velho do Brasil.
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