O ator e humorista Yuri Marçal se tornou o primeiro humorista negro da América Latina a ter um especial de humor na Netflix. Ele alcançou este feito com o especial “Ledo Engano”, que chegou nesta quinta-feira (2) à plataforma. Conhecido pelas esquetes nas redes sociais e pelas problematizações sobre racismo e relações raciais o artista conta com um público cativo, tanto nos shows com os quais circula o Brasil, quanto nas redes sociais.
Apaixonado pela comédia e pelo audiovisual, aos 15 anos de idade o humorista já pesquisava no YouTube por tudo aquilo que prendia sua atenção: atores, programas e tudo mais que dizem respeito a arte de fazer rir. Tempos depois, cursando Direito e trabalhando no Tribunal de Justiça do estado, após ouvir muitas opiniões de que deveria, de fato, enveredar no humor, Yuri se inscreveu numa escola de atores que abria na época.
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Atuando há seis anos como humorista, o novo especial coroa um excelente momento de sua carreira. Para dar um gostinho do que esperar do especial, Yuri falou com o Site Mundo Negro sobre o sentimento ocupar este espaço, e também sobre a relação com o público, amor preto e alguns spoilers de “Ledo Engano”. Confira na entrevista feita pela nossa editora-chefe, Silvia Nascimento:
Ser o primeiro negro da América Latina com especial de humor na Netflix é mais um peso com responsabilidade ou uma alegria?
“É, com certeza uma alegria. A responsabilidade é mais como comediante. Sem ignorar a questão racial, mas é ser engraçado. Eu preciso levar um bom trabalho. Essas sempre vai ser minha preocupação.
Seus shows são celebrados pela comunidade negra, qual o feedback você costuma ter da audiência branca. Nos seus textos deixar esse público (branco) constrangido é uma preocupação?
A minha preocupação com o meu texto é ser engraçado, gerar gargalhada, sempre. Se eu achar uma ideia engraçada, eu testar e o público compactuar com isso, eu vou fazer a piada, mas a galera preta é sensacional comigo sempre, isso me deixa muito feliz. O feedback que eu sempre recebo da galera branca é sobre o humor mesmo, sabe? Claro que uma piada ou outra vira mais um brother que te zoa. Isso eu tô falando sobre a galera que vai ao show, que conhece o trabalho. Então, vira mais uma pilha de amigos.
Você vive um amor preto e celebra as relações afrocentradas. O amor preto para você é um ato político?
Eu não penso muito sobre isso. Eu vivo. Minha noiva, Jenniffer Dias, é preta e eu vivo esse amor. A gente nem se pega muito falando sobre isso. Mas o amor é um ato político, ainda mais com as historias que a gente tem de vida e das nossas famílias, a gente tem que levar isso em consideração, mas eu vivo muito. A Jennifer é muito minha parceira, ela é o real significado de parceira, a gente tem uma amizade muito forte e um companheirismo, uma cumplicidade absurda, uma química muito grande. Então, eu tô mais para o sentimento mesmo, sou totalmente apaixonado por essa mulher.
O seu lado ator vem num crescente. Você atuou em Vale Night , agora chega na Netflix. Tem gente que ainda sonha com a TV, mas os canais de streams parecem ser os espaços com mais diversidade. Nesse sentido você pensa em investir mais na carreira como ator?
Antes de ser humorista, eu sou ator. Sou formado em TV, teatro e cinema e sempre fui e sempre vou ser. Então, tenho vários trabalhos aí na rua, nas plataformas de streaming, no cinema, com alguns protagonistas e vou sempre estar fazendo trabalhos de ator, por ser ator. Essa é uma coisa que eu faço todos os dias, eu estudo texto todos os dias, me preparo, até quando não estou gravando um filme ou uma série, então vou sempre estar investindo nesse lado.
Dá para citar um dos seus momentos favoritos do seu especial para Netflix , seja o que vai ao ar ou algo dos bastidores?
D ebastidores, eu posso falar sobre a abertura do Djonga, o Djonga abriu o show cantando três músicas e isso não vai ao ar, mas foi um momento extraordinário para quem tava no show, foi incrível. Deixou o publico já numa energia maravilhosa, além da abertura de comédia que o grupo Gueto fez. Tem também o final, que é a surpresa que eu fiz pra Jeniffer, que foi o pedido de casamento, que foi muito emocionante e bonito. A energia dos bastidores estava muito legal com a minha família ali, as crianças brincando. Mas o que eu peço é que vejam até o final, o especial inteiro tá muito bom, sem falsa modéstia, mas o final é muito legal. Vale mais ainda tudo o que foi feito.
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