
Está difícil dar conta de tantos artigos e eventos sobre diversidade. Escrevo sobre negritude e inclusão racial há quase 20 anos, desde que concluí a faculdade, mas nunca vi esses temas tão em voga como em 2017. É um misto de alegria e tensão. Vejo tantas besteiras, equívocos, presunção e preguiça em entender a questão como um todo, que resolvi por meio desse texto, desmembrar um dos pilares da diversidade, que vejo ser tão crítico quanto contratar profissionais de pele escura para cargos de liderança.
Por meio do meu site, Mundo Negro, recebo semanalmente, e-mails de pessoas pedindo apoio para divulgar seus projetos de impacto social na vida da comunidade negra, direta ou indiretamente. Livros, canais no Youtube, Cds, um grande evento, reforma de um empreendimento, ampliação de um projeto comunitário, compra de material para crianças carentes e eu poderia escrever muito mais. O fato é que é visível a dificuldade para monetizar projetos feitos para comunidade negra que recorre muitas vezes às plataformas de financiamento coletivo, disputando espaço com projetos criados por grupos privilegiados, que têm grana para bancar uma apresentação bacana e divulgá-la.
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Começo com o meu próprio projeto, que apesar de ter parcerias eventuais, poderia ser muito maior se as agências de publicidade percebessem que além de colocar o rosto negro do comercial, há veículos criados por pessoas negras, para falar com pessoas negras, que elas não cogitam em patrocinar, pois não se dão ao trabalho de mapear esses projetos. E olha são MUITOS. Bom, corrigindo: eles elegeram três ou quatro rostos negros e acham a lição de casa já está feita.
Sabemos que hoje, felizmente, as marcas não investem somente em projetos de grande alcance numérico, mas também naqueles com algum valor social. Vale um olhar mais cuidadoso e uma curadoria mais empenhada para projetos de nicho voltado para os negros brasileiros.
Contratar a pessoa negra é muito importante, mas para dar legitimidade ao seu discurso de diversidade você precisa entender o cotidiano desse público que você decidiu abraçar, quem eles são e como vivem, assim como temos casos exemplares com recorte de gênero.
Você verá que carecêssemos de representatividade por que nossos pares estão tentando emplacar projetos que nos contemplem do ponto de vista de arte, consumo, informação e educação há muito tempo e a maioria morre na praia. Há centenas de projetos encabeçados por pessoas negras, que terão um impacto na comunidade como um todo, esperando um patrocínio para sair do papel. Isso te incomoda também?
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