Diretora de ‘Geni e o Zepelim’ abre diálogo com a comunidade trans após críticas: “A gente vai repensar o filme”

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Diretora de ‘Geni e o Zepelim’ abre diálogo com a comunidade trans após críticas: “A gente vai repensar o filme”
Fotos: Larry Busacca/ Getty Images e Divulgação

Anna Muylaert, diretora de ‘Geni e o Zepelim’, filme inspirado na clássica canção de Chico Buarque lançada em 1978, se pronunciou nas redes sociais sobre a escolha da atriz Thainá Duarte, uma mulher cis, para viver a personagem Geni. A decisão anunciada na terça-feira (15) gerou forte reação da comunidade LGBTQIAPN+, que levantou o debate sobre “transfake” — quando artistas cis interpretam papéis de pessoas trans.

A canção integra a ‘Ópera do Malandro’, peça de Chico Buarque, na qual é revelado que Geni é uma travesti, cujo nome de batismo é Genivaldo.

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Conhecida também por dirigir os filmes ‘Que Horas Ela Volta?’ e ‘A Melhor Mãe do Mundo’, Anna tentou contextualizar a criação do projeto para justificar a decisão e convidou pessoas trans e cis para um debate juntos, no vídeo postado em seu Instagram nesta quarta-feira (16).

“Durante o processo de criação deste filme, a gente entendeu que a letra do Chico e o conto do [autor] Guy de Maupassant, ‘Bola de Seda’, no qual o Chico diz ter se inspirado, poderiam ter várias leituras: poderia ser uma mulher trans; poderia ser uma mãe solteira; poderia ser a Fabiana Silva da Favela do Moinho, uma carroceira; poderia uma presidente tirada do poder sem crime de responsabilidade; poderia ser uma floresta atacada diariamente por oportunistas”, explicou.

A diretora revelou que a escolha por uma personagem cis foi intencional. “A gente por uma questão de lugar de fala, escolheu fazer uma prostituta cis na Amazônia. Uma inspiração, influência de Iracema [o livro], do que acontece no Maranhão que o filme ‘Manas’ retrata. A gente entendeu que essa poesia poderia ter várias interpretações, e que a gente poderia fazer essa versão amazônica cis com a atriz Thainá Duarte”, continuou.

Ela ainda disse que o processo criativo pode não ter ficado claro para o público. “Falaram que a gente estava fazendo transfake, e não era essa a ideia. A ideia era realmente fazer a personagem cis. Mas, diante da reação da comunidade trans, quero vir aqui abrir o debate e jogar a pergunta: essa letra do Chico, essa poesia, hoje em 2025 só pode ser interpretada como a Geni, o mito Geni, só pode ser interpretada como um uma mulher trans?”, perguntou.

Anna também deixou a porta aberta para reflexão, com a possibilidade de rever a abordagem do filme. “Eu quero debater isso, porque se a sociedade, não apenas a comunidade trans, mas também todos os fãs do Chico e do conto do Guy de Maupassant, o ‘Bola de Seda’, se a gente computar que hoje em 2025 só pode interpretar a Geni como trans, a gente vai repensar o nosso filme. Na verdade a história não vai mudar porque os corpos femininos ou trans estão sempre sobre perigo. Queria muito ouvir tanto a comunidade trans como todos os fãs da música do Chico”, finalizou.

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