
A terceira edição do Aquilomba, promovida pela Rede de Líderes da Fundação Lemann, foi realizada recentemente com o objetivo de fortalecer trajetórias de impacto social e ampliar a presença de pessoas negras em espaços de decisão e poder. A iniciativa, que acontece desde 2023, busca criar conexões e fortalecer a representatividade racial na liderança no Brasil.
Durante o evento, Michael Strautmanis, diretor de Assuntos Corporativos da Obama Foundation, compartilhou experiências sobre liderança e ressaltou a afinidade entre a visão da fundação norte-americana e a da Fundação Lemann. “Quando o presidente Obama estava lançando a Fundação, ele disse que achava que teria mais impacto como ex-presidente do que naquele momento, como presidente dos Estados Unidos. Foi estranho porque ele era uma das pessoas mais poderosas do mundo”, contou Strautmanis.
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Ele destacou que, para a Fundação, é essencial que líderes inspirem e conheçam as histórias das comunidades para que ninguém seja deixado para trás. “Quando vocês estão aqui, vocês inspiram. Mais gente pode decidir mandar um currículo para aquele trabalho ou montar uma nova organização. E o mundo fica um pouquinho melhor. Por isso a inspiração é muito importante”, afirmou.

Strautmanis também alertou sobre os riscos de não considerar visões plurais. “A polarização está sendo inflamada por aqueles que não querem ver que o futuro é algo que eles próprios podem criar. Na Fundação Obama, a gente quer contar histórias e dar ferramentas para a mudança”, disse.
Na abertura do Aquilomba, Felipe Proto, vice-presidente de Novos Negócios da Fundação Lemann, ressaltou a importância da representatividade racial na rede. Atualmente, pessoas negras e indígenas representam cerca de 33% dos mais de 780 membros, com meta de crescimento acelerado até 2031.
Cosme Bispo, gerente da Rede de Líderes, destacou a relevância das conexões entre os membros. “Conexão nasce de confiança, que é a base para tudo aquilo que a gente constrói em um ambiente de liderança e da Rede de Líderes. Confiança nasce das relações e, dentro desse espaço, se dá pelo compromisso com o Brasil. Todos e todas aqui demonstraram o seu compromisso com o país”, disse.
Durante o encontro, os participantes receberam o livro “Carreiras Negras: Estratégias Para Construir Presença, Poder e Permanência”, de Eliezer Leal, membro da Rede de Líderes, e Talita Matos.
Debates da Rede de Líderes
Antes da apresentação da Obama Foundation, foram promovidos espaços para discussões entre os membros da Rede de Líderes. A mesa “Lideranças negras na política pública” abordou os desafios e conquistas na formulação e implementação de políticas públicas, debatendo sobre representatividade, barreiras estruturais e estratégias de influência para tornar o Estado brasileiro cada vez mais inclusivo e comprometido com a equidade racial. A mediadora da conversa foi Camila Godinho, Secretária de Planejamento, Orçamento e Transformação Digital de Nossa Senhora do Socorro (SE). Participaram também Soraya Brandão, servidora pública e líder da equipe de Desenvolvimento de Altas Lideranças na Escola Nacional de Administração Pública (Enap), e Giovanni Harvey, que ocupou dois cargos de liderança na Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República.
O debate “Liderança e bem-viver” abordou a tensão crescente entre as exigências de ascensão profissional e militância e a necessidade urgente de autocuidado, redefinindo o conceito ancestral de bem-viver. Arthur Lima, dentista, pesquisador e fundador da AfroSaúde, e Marcio Black, diretor do Instituto Beja, conduziram a conversa. A mesa foi mediada por Denise Silva, psicóloga e consultora em desenvolvimento organizacional e equidade racial.
Também foi realizada uma conversa sobre internacionalização da liderança negra, com foco nas estratégias de acesso a experiências internacionais e na transformação de barreiras estruturais (como idioma e rede de contatos) em estratégias de fortalecimento coletivo de lideranças negras. A condução do debate foi feita por Adriana Alves, consultora em gestão de pessoas; Márcia Batista, executiva internacional de RH; e Mayra Casttro, fundadora do InvestAmazônia, com mediação de Michael Cerqueira, gerente na Fundação Lemann.
Por fim, a mesa “Captação de recursos para organizações negras” buscou discutir os desafios enfrentados pelas organizações na obtenção de financiamento e apoio institucional, explorando caminhos de autonomia e redistribuição de recursos. André Barrence, Diretor do Google for Startups na América Latina, e Selma Moreira, ex-vice-presidente de Responsabilidade Corporativa e Filantropia da J.P. Morgan e conselheira de organizações do terceiro setor como o IDIS, puxaram a discussão. A mediação foi de Geovana Borges, vice-presidente de Relações Corporativas e Institucionais da CUFA (Central Única das Favelas).
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