O premiado “Diálogos com Ruth de Souza”, dirigido por Juliana Vicente (“Racionais: Das Ruas de São Paulo pro Mundo”), estreou recentemente na Netflix. O filme, que contém diversas conversas gravadas e abundantes materiais de arquivo, conta a história de uma das grandes damas da dramaturgia brasileira com imagens captadas nos últimos dez anos de vida da atriz. Em meio a reflexões e memórias, nasce o diálogo entre duas gerações de artistas negras, Ruth e Juliana.
O primeiro encontro entre as duas artistas aconteceu em 2009. “Tinha uma ideia pré-concebida dela como uma diva, mas quando cheguei, obviamente encontrei uma pessoa, e num momento bem específico da vida, já com algumas limitações impostas pela idade”, comenta a diretora. Foi uma jornada de dez anos até a morte da Ruth, em 2019, aos 98 anos.
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Em meio a um vasto material de arquivo, o filme apresenta ainda um cruzamento com o universo mitológico africano através do encontro com as Yabás, orixás femininas, em uma interpretação ficcional e transcendental da vida de Ruth, interpretada pelas atrizes Dani Ornellas e Jhenyfer Lauren nas fases adulta e jovem, respectivamente.
No elenco, estão também a artista visual Rosana Paulino, a mãe de santo Iya Wanda De Omolu, a cantora, compositora e atriz Lívia Laso, a atriz Mirrice De Castro e a cantora Luísa Dionísio. Dani foi a responsável por apresentar Juliana a Ruth, em 2009.
Com uma vasta carreira de mais de 70 anos dedicada ao teatro, cinema e televisão, Ruth de Souza se destacou pelo seu pioneirismo e é considerada a primeira grande referência para artistas negros na dramaturgia. Foi a primeira brasileira a disputar um prêmio internacional de cinema – em 1954, ela concorreu ao prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza por seu trabalho em “Sinhá Moça” -, e também foi primeira atriz negra a protagonizar uma telenovela na TV Globo, em “A Cabana do Pai Tomás” (1969).
Juliana Vicente conquistou por “Diálogos com Ruth de Souza” a Melhor Direção de Documentário no Festival do Rio 2022. O filme foi laureado, no mesmo ano, no Festival de Brasília com o Prêmio Marco Antônio Guimarães pela obra que melhor trabalhou com pesquisa, material de memória e arquivos do cinema nacional. No ano de 2023, o FEMINA|Festival Internacional de Cinema Feminino concedeu ao longa o Prêmio do Júri.
Além de ser ter sido selecionado para outros nove festivais brasileiros, o documentário também esteve em festivais internacionais: Harlem International Film Festival 2023 (Estados Unidos), BlackStar Film Festival 2023 (Estados Unidos), Trinidad + Tobago Film Festival 2023 (Trinidade e Tobago).
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