Neste Dia Mundial da Menopausa, celebrado em 18 outubro, refletir a importância de falar sobre essa fase transitória e racializar sintomas e tratamentos, ainda é necessário. Pessoas que apresentam sangramento anormal após a menopausa costumam ser submetidas a um exame de ultrassom transvaginal, método não invasivo utilizado para identificar sinais de câncer uterino. No entanto, pesquisas indicam que esse exame é menos eficaz em detectar a doença em mulheres negras do que em brancas.
Pessoas negras com útero têm uma probabilidade maior de desenvolver câncer endometrial, um tipo de câncer uterino que afeta principalmente mulheres na fase pós-menopausa com mais de 60 anos. Estudos recentes sugerem que o uso frequente de alisadores químicos para cabelo pode ser um fator de risco. Além disso, mulheres negras apresentam o dobro de chances de morrer em decorrência dessa doença, tornando a detecção precoce ainda mais essencial.
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Especialistas afirmam que as diretrizes atuais seguidas por médicos e radiologistas para interpretar os resultados do ultrassom transvaginal pode estar resultando em diagnósticos tardios para mulheres negras, especialmente entre aquelas que já possuem maior predisposição a formas mais agressivas de câncer endometrial.
“Uma coisa é clara em todos os aspectos: infelizmente, mulheres negras têm mais probabilidade de morrer de câncer endometrial”, disse o Dra. Onyinye D. Balogun, radio-oncologista do NewYork-Presbyterian Brooklyn Methodist Hospital, em entrevista ao TODAY.com, em agosto deste ano.
Em um estudo publicado em junho no JAMA Oncology, a Dra. Kemi Doll e sua equipe investigaram a eficácia das diretrizes atuais de ultrassom transvaginal entre pacientes negras, ao analisarem que mulheres brancas com câncer de endométrio apresentam uma taxa de sobrevivência de cinco anos de 84%, enquanto para as mulheres negras esse índice cai para apenas 62%.
“Quando você não está mais menstruando, a espessura da faixa endometrial deve ser mais ou menos estável”, explica. Se houver um aumento dessa espessura, isso pode ser um sinal de câncer endometrial. Nesses casos, a paciente será submetida a um exame mais invasivo, como uma biópsia, para analisar o tecido.
No entanto, um novo estudo indica que cerca de 1.500 mulheres negras, mais de 11% das pacientes com câncer endometrial (24 de 210 pessoas), tiveram medidas de espessura endometrial que estavam dentro do limite normal.
“Um ultrassom transvaginal é “uma boa opção” para ajudar as pessoas a evitar biópsias desnecessárias. No entanto, este estudo mostra que essa estratégia pode não ser adequada para pacientes negros”, afirmou a Dra. Kimberly Gecsi, diretora médica do departamento de obstetrícia e ginecologia da Faculdade de Medicina de Wisconsin e membro do ACOG (Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, em tradução livre), ao TODAY.com.
Gecsi encaminhou o novo estudo para revisão por um comitê de especialistas do ACOG, que está planejando revisar os achados de pesquisas recentes que sugerem que o uso do ultrassom transvaginal para detecção de câncer endometrial em indivíduos negros pode não ser confiável.