Antes mesmo de entrar, o cheiro do tempero do almoço te recepciona na porta. (eu arriscaria frango com quiabo, ou churrasco). Você ouve um samba tocando, Bezerra da Silva, talvez. Ao entrar, a casa está cheia, você cumprimenta e pede a benção aos seus tios e avós. Sim, você está na casa deles! Se fechar os olhos agora, consegue se lembrar de cada detalhe da casa e das reuniões, mesmo que o tempo tenha passado, você tenha crescido, e eles não estejam aqui agora para você abraçar e desejar um feliz Dia dos Avós neste 26 de julho, acompanhado de um presentinho, algo simples mas que eles iriam adorar.
Não é tão difícil se recordar dos costumes, dos ditados, das histórias que eles contavam, da xícara de chá milagrosa, do casaco de tricô feito a mão. Não é difícil porque nossos avós continuam vivos dentro de nós. Continuam como uma intuição, um instinto, uma voz, um hábito que nem percebemos, mas é deles. Não é difícil se lembrar de quem falamos com amor.
Do poderoso álcool com arnica que curava tudo, ao futebol no radinho de pilha, passando pelo benzimento de arruda, é possível notar a memória dos nossos avós em cada um destes detalhes. São eles os pilares da família, a quem buscamos quando precisamos visitar uma lembrança. Eles estavam antes de nós, receberam esse conhecimento sobre nossos antepassados de nossos tataravós, e nos passaram adiante para que nunca morram. Mas será que ouvimos tanto quanto deveríamos? Espero que sim, no entanto essa narrativa vem se alterando com o passar do tempo.
Embora a relação de carinho, respeito, atenção e cuidado que existe entre avós e netos vêm mudando nas últimas décadas, de acordo com a nova realidade da terceira idade e também marcada pelos avanços tecnológicos, é importante que se mantenha o diálogo, o olho no olho, a troca de informações. É importante que, passando a pandemia, essa relação não seja restrita apenas a uma conversa por aplicativos de mensagem ou troca curtida em redes sociais. Ainda será preciso passar uma tarde inteira com nossos anciãos olhando os álbuns de fotos e conhecendo as tradições de nossa família, nossos antecessores.
Assim como é importante estudar história na escola para saber de onde viemos, onde estamos e para onde vamos, é importante conhecer a história de nossa família pelos mesmos motivos, porém em um âmbito mais pessoal. Se você ainda tem a honra de ter os seus avós por perto, por favor, não desperdice essa chance. Se seus filhos ainda têm os avós, não os prive desse direito. E se você é avô ou avó, nunca duvide do poder que emana sobre seus netos.