No dia 18 de outubro é lembrado o Dia do Médico, uma das profissões de maior status social e considerada da mais nobre em diversas sociedades, no Brasil, carrega a marca do racismo, ainda contando com uma baixa presença de pessoas negras na profissão.
Apesar de o grego Hipócrates ser referido como o “Pai da Medicina”, esta ciência na verdade nasceu muito antes dele, no Kemet, o Antigo Egito. Hipócrates faleceu no ano 377 Antes da Era Comum (AEC). Os primeiros papiros médicos do Kemet, datam de 2000 AEC.
Um exemplo disto, é o Papiro de Ebers, de 1500 AEC, que fala sobre diagnósticos de doenças cardíacas, depressão, diabetes, controle de natalidade, problemas digestivos e infecções do trato urinário.
É o mais longo e completo papiro médico encontrado até hoje, contendo mais de 700 prescrições médicas e mágicas. Além disso, outros escritos egípcios versavam sobre cirurgias, como o papiro Edwin Smith, considerado o mais antigo a falar sobre procedimentos cirúrgicos e práticas para aliviar a dor e tratar ossos partidos.
Os apagamentos históricos e a dominação branca para temas fundamentais para a humanidade se perpetuam diariamente, na tentativa de desestimular que pessoas negras se enxerguem como capazes e como herdeiras de ancestrais poderosos que construíram e pensaram os pilares do que se convencionou chamar civilização e que tem sobrevivido a processos de interrupção desde o encontro com os povos europeus.
Portanto, pensar a Medicina como herança e criação do povo negro é entender que enxergar homens e mulheres negras exercendo a medicina é reintegração de posse. É sinalizar que não abriremos mão do que é nosso desde o nascimento.