Deuses de Dois Mundos, a mitologia dos orixás no livro de PJ Pereira

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Deuses de Dois Mundos, a mitologia dos orixás no livro de PJ Pereira

Dois mundos em paralelo. Na terra o ambicioso New Fernandes  se envereda pela carreira jornalística e encontra, por meio de um caso de sabotagem industrial, o caminho para subir na carreira.  Enquanto isso no mundo dos orixás, Orunmilá , o maior adivinho de todos os tempos, vê os búzios,  seus instrumentos que possibilitam  previsões e revelações,  se calarem.

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Por Silvia Nascimento – “O Livro do Silêncio”, de PJ Pereira, publicitário brasileiro dono da bem sucedida agência Pereira & O’Dell, sediada nos EUA,  é o primeiro da trilogia “Deuses de Dois Mundo”. A obra, que é lançada amanhã, 25 de novembro,  é um romance onde os orixás, os deuses da mitologia africana, aparecem como personagens. PJ ressalta que não se trata de um livro sobre religião.  “Não acredito que seja real aos aspectos religiosos. Até porque conheço pouco sobre os rituais. O que meus amigos do santo, especialmente do Gantois, em Salvador, fizeram, foi me apresentar às lendas, e esse é o material que usei”, explica PJ, que é filho de Oxossi, apesar de não ter sido iniciado no candomblé.

O livro tem trailer produzido pela Laundry Design, de Los Angeles, com trilha sonora de Otto e Pupillo (Nação Zumbi), participação especial de Andreas Kisser (Sepultura) e narração de Gilberto Gil. Os direitos da trilogia já foram vendidos para cinema, TV e quadrinhos.

httpv://www.youtube.com/watch?v=GNAWuAlQKqE

Confira a entrevista exclusiva do autor  PJ Peireira ao site Mundo Negro.

Mundo Negro-  PJ de onde surgiu seu interesse pelo candomblé?
PJ Pereira –  Eu cresci no Rio, classe média, Zona Sul. Tudo em volta de mim dizia que “macumba” era coisa de se ter medo. Quando fui morar em São Paulo, conheci um baiano muito bacana e fui saber que ele era do candomblé. Fiquei impressionado como uma pessoa tão boa poderia fazer parte de algo que eu achava tão ruim, então pedi para ele me explicar, me contar, me mostrar. Meu contato então saiu do choque do meu preconceito com a bondade do povo de santo.

MN- Há outros aspectos da cultura negra com que você identifique?
PJ – Como parte desse processo de pesquisa eu fiquei fascinado pela estética africana de um modo geral, mas especialmente as máscaras Gueledé, que comecei a usar como tema das minhas pinturas. Expus algumas delas em vários países.

E como praticante de artes marciais, sempre fui fascinado por capoeira. Que só não aprendi por falta de vergonha e excesso de barriga.

MN- Como você acha que o livro será recebido pelos praticantes do candomblé?
PJ – Essa pergunta é difícil. Porque é uma das minhas maiores ansiedades. Escrevi essa história porque depois que conheci melhor essa mitologia achei que outras pessoas como eu deveriam ter acesso a ela, antes de formarem uma opinião sobre ela ser “coisa do diabo”, sabe? Então meu objetivo nunca foi necessariamente agradar o povo de santo, nem trazer mais seguidores, mas sim fazer com que o resto do mundo respeite essa cultura do mesmo jeito que respeitam as lendas de Zeus ou de Thor. O que torna isso mais complicado é que as lendas dos orixás são complexas, e os “personagens” não são bonzinhos o tempo todo como se espera de um santo católico, então acho que pode ter gente que vai ter mais preconceito ainda. Mas acho que vai ter quem passe a gostar e respeitar também. O que disse aos meus amigos do santo é que espero que esse livro traga mais bem que mal às religiões de origem africana.

MN -A narrativa é leal aos aspectos reais do candomblé?
PJ – Não acredito que seja real aos aspectos religiosos. Até porque conheço pouco sobre os rituais. O que meus amigos do santo, especialmente do Gantois, em Salvador, fizeram, foi me apresentar às lendas, e esse é o material que usei. O mitológico, não o ritual. Então peguei alguns dos mitos que mais gosto e usei em momentos especiais da trama, mas entre eles, há vários momentos saídos da minha cabeça. O professor Reginaldo Prandi, da USP, autor do Mitologia dos Orixás, me disse que o que eu fiz poderia ter sido um desastre como aquele que separou o Orum e o Aiê, mas que a história ficou surpreendentemente forte e respeitosa da essência dos personagens dessa mitologia.

 

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