Texto: Rachel Maia
A luta por igualdade de raça é algo que debatemos sem que muitos entendam de fato o que isso quer dizer. Quando traçamos a história dos povos originários e afrodescendentes, sempre paira uma dúvida sobre termos e nomenclaturas corretas. Acredito que a negação da cultura, história e origem dos indígenas e negros seja um fator determinante para a confusão em torno de algo tão importante, que é o lugar de pertencimento de cada individuo.
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A educação é transformadora, e é por meio dela que devemos avançar na maneira que enxergamos o outro. De acordo com a (Lei nº 10639/2003), a história e cultura da África devem ser implantadas nas salas de aulas e fazer parte da educação básica nacional, no entanto, ainda temos dados relativamente baixos, quando o assunto é o ensino que se refere à história da população negra e indígena, que teve participação na construção social, econômica, política e intelectual do país.
De acordo com o site Agência e Senado, em outubro de 2023 houve uma audiência pública interativa na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) em que a pauta se consistia em fazer valer a lei de ensino à cultura afro-brasileira, pois de acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Alana e do Geledés – Instituto da Mulher Negra, sete em cada dez secretarias municipais não implantaram o ensino como previsto em lei.
Temos falado muito sobre sensibilização racial, mas, ressalto sobre a importância do não esvaziamento do termo, pois se trata de um conjunto de práticas para validar as questões de raça e criar ações rumo à diversidade, que passa pela prática das leis como a Constituição Federal de 1988, de igualdade de direitos, que deixa claro que não deve haver distinção de cor, raça, gênero, crença ou qualquer natureza.
A importância do debate sobre sensibilização racial e também sua prática na sociedade se faz necessário, uma vez que nos foi negado à educação de base sobre o assunto que corresponde a todos nós, pois se trata da história do povo brasileiro. Trabalhar em conjunto para promover atuações que correspondem a essa totalidade é um trabalho constante.
A mudança cultural do país que exclui determinado fenótipo só será alcançada quando entendermos a relevância em sermos inclusivos de maneira plural. Validar a existência do outro, assim como validamos a nós mesmos, se faz necessário para a mudança que estamos buscando. É preciso trabalhar em conjunto e ressignificar a tratativa para que os direitos já adquiridos sejam aplicados de maneira assertiva.
É preciso ganhar força dentro dos espaços e também fora deles, com isso possibilitamos uma educação plural desde a primeira infância, para que as próximas gerações tenham consciência e respeito pela diversidade, e que por meio dela possamos cada vez mais nos aproximar de uma sociedade que não se difere, para que no futuro, a palavra inclusão, seja algo que corresponda apenas a nossa história.