Sim, não faz sentido dizer que foi “de repente”, já que uma gravidez dura cerca de 40 semanas e nós planejamos cada passo desse processo, mas muita gente pode achar que a parentalidade nasce logo que engravidamos. E desde que meu bebê nasceu, há seis meses, entendi que nada se compara à presença de um ser humano tão pequeno em casa. E, se já não fosse assustador cuidar de um bebê em seus primeiros meses de vida, é impossível não dizer que como casal nossa dinâmica é totalmente impactada pela chegada de um filho.
Como pais, priorizamos o acolhimento total do nosso bebê sempre que ele precisasse e isso significa para nós manter uma presença constante, até mesmo em nossos horários de trabalho. Ter um filho e ser presente na vida dele também significou uma sistematização da nossa relação como um casal, no sentido de que sentamos para entender que nesse momento também não gostaríamos de esquecer um do outro enquanto também tentamos manter nossa individualidade e o respeito pelo tempo de cada um, afinal, ainda sou uma mulher que está vivendo o puerpério.
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Quando assisti na Netflix o especial “Nossa Luz Interior: Michelle Obama e Oprah Winfrey” pude me reconhecer nas palavras de Michelle Obama quando ela disse que suas filhas “arrancaram o amor da casa” e que a única pessoa que ela podia culpar era seu marido, Barack Obama. Porque é sobre isso também, os filhos demandam nossa energia emocional e física.
Do ponto de vista das mães e com todos os recortes que carrego por ser uma mulher negra e por toda a minha história pessoal, eu entendo que existe e, provavelmente ainda vão existir, muitos momentos em que a sobrecarga materna me fará olhar para o meu companheiro culpando-o porque não consigo lidar com a desorganização da casa ou com uma noite de sono mal dormida porque o neném acordou muitas vezes e queria mamar.
No meio de tantas tarefas diárias que não podem ser deixadas de lado, nós também corremos o perigo do desencontro porque estamos cansados e preocupados com a criação do nosso filho e com a manutenção da nossa casa. Se antes podíamos maratonar uma série juntos, hoje em dia pensamos nas coisas que duram o mínimo de tempo possível ou enquanto um dos dois está ninando o neném o outro vai assistindo para contar os detalhes para quem não pôde estar presente.
A espontaneidade se tornou algo precioso e raro por aqui, já que cada passo precisa ser planejado para que um de nós consiga estar presente com nosso bebê, tendo em vista que nossa rede de apoio é bem reduzida.
O impacto da chegada de um bebê na relação de um casal é muito maior do que imaginamos, mas também nos mostrou mais companheiros porque estamos dispostos, na maioria dos dias, a lidar com o desencontro. E eles acontecem com mais frequência do que o esperado. Como no sábado à noite, em que meu companheiro preparou com todo carinho um jantar especial de Dia dos Namorados enquanto eu ninava nosso filho. Comemos bem, bebemos pouco ou quase nada e o neném não dormiu. Feliz Dia dos Namorados!
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