
“O que é o funk?” Essa é a provocação central de “We Want the Funk!”, novo documentário da série Independent Lens, da PBS, disponível gratuitamente no site e no aplicativo da plataforma, em inglês. Dirigido por Stanley Nelson (vencedor do Emmy e da Medalha Nacional de Humanidades) e Nicole London, o filme mergulha na história do gênero musical que mistura R&B, jazz, gospel e blues, destacando seu papel como expressão de identidade e resistência negra.
O documentário traça a evolução do funk desde os anos 1950 e 1960, quando a música pop era dominada por artistas brancos e a Motown vendia um soul “palatável” ao público branco. E mostra como a ascensão do movimento Black Power e as lutas por direitos civis, colaboraram para que o gênero ganhasse força como voz de orgulho negro.
Notícias Relacionadas



Um marco foi “Say It Loud, I’m Black and I’m Proud”, de James Brown (1968). No filme, o trombonista Fred Wesley relembra como Brown levou crianças ao estúdio para gritar o refrão, criando um hino atemporal. “Até o dia da minha morte, será a música mais significativa para mim”, diz o DJ Donnie Simpson. “Ela me ensinou o orgulho negro”.
A dificuldade em definir o funk é um tema recorrente no documentário. Em depoimento, Todd Boyd, professor da Universidade do Sul da Califórnia, resume: “É funky. Mas não sei descrever. Quando você ouve, sabe o que é — e, mais importante, sabe quando sente”. George Clinton, líder do Parliament-Funkadelic e um dos grandes nomes do funk, concorda: “É uma atitude. Funk é tudo o que precisa ser, no momento em que precisa ser.” Seu hit de 1976, “Give Up the Funk (Tear the Roof Off the Sucker)”, inclusive, inspirou o título do filme.
Funk, rock e afrofuturismo
O filme também mostra como o funk influenciou — e foi influenciado — por outros gêneros. O guitarrista Carlos Alomar revela que os riffs de “Fame”, hit que compôs com David Bowie, foram inspirados no funk. Clinton, por sua vez, admite que “Fame” o levou a criar “Give Up the Funk”.
Além disso, o documentário explora a conexão do Parliament-Funkadelic com o afrofuturismo — uma estética que mistura ficção científica e cultura negra. Clinton brinca que, se um dia encontrar alienígenas, só quer ter certeza de uma coisa: “Que eles saibam dançar.”
Para Nelson, o funk não é uma moda passageira, como a disco. “Depois que você lança o funk, ele não volta mais. Não dá para guardá-lo de volta na caixa.”
Com depoimentos de Questlove (The Roots), David Byrne (Talking Heads), Marcus Miller e outros, “We Want the Funk!” é tanto uma celebração quanto uma reflexão sobre um gênero que, mesmo sem definição clara, continua vivo — e essencial.
Assista: Disponível no app da PBS e no YouTube (Independent Lens).
Notícias Recentes


