Embora comente coisas sobre o BBB, sempre deixei claro que nunca gostei do programa. Nesta última edição, sempre demonstrei não ter simpatia por Davi, o atual campeão. Aliás, como sempre digo, se todos pudessem perder, seria perfeito. Mas já fazem alguns meses que o tratamento dispensado ao Davi tem me incomodado bastante. Percebo que já não consigo mais curtir alguma publicação crítica a ele, pois sempre encontro nos comentários memes com seu nariz.
Outro dia, comecei a assistir a um vídeo no youtube onde um casal de homens gays brancos falavam sobre as trapalhadas da irmã de Davi, sua atual assessora. Ambos dedicam boa parte do vídeo criticando a forma como a moça fala e escreve, no mais puro suco do preconceito linguístico. Agora já estão distorcendo suas falas para chamá-lo de mentiroso.
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Foi o caso do cancelamento de um programa na Record em que noticiaram que ele, Davi, havia dito que “cancelou seus compromissos com a emissora em respeito a morte de Silvio Santos”, mas que na verdade a própria emissora era quem teria cancelado. Quando assistimos ao vídeo de Davi, o próprio disse que o cancelamento partiu da emissora.
Sinto que ao compactuar com muitas dessas críticas feitas ao jovem, estou também compactuando com todos os tipos de racismo presente nelas. Sinceramente, eu me sinto mal com isso.
Davi tem 20 e poucos anos, até outro dia estava dirigindo Uber. O que as pessoas esperam que ele faça no seu perfil além de ostentação e dancinhas? “Mas ele desistiu da faculdade de medicina” e quem nunca fez isso? Eu sempre tive o sonho de me formar, mas eu desisti de duas faculdades antes de conseguir um diploma. Aliás, desistir de uma faculdade é a coisa mais normal do mundo.
Ao escrever isso, não estou “passando o pano” para as besteiras que Davi fez como, por exemplo, divulgar o jogo do tigrinho, ou ter usado a ex para se promover e depois ter lhe metido um pé na bunda. Eu poderia ficar aqui listando vários ranços, mas este não é o ponto. É muito frustrante ver que um preto nunca é julgado só pelo seu caráter. Por trás de muitas dessas críticas está um “tinha que ser preto”. É assim que é, e é assim que vai ser sempre.