Criada em maio, durante a ocupação da Funarte-SP, a Ocupação Preta surge para destacar a cultura e as demandas do povo negro,como instrumento de manifesto político e social. Juntamente com esta iniciativa, um coletivo de produtores culturais, ativistas e artistas negros criaram o Grupo de Articulação de Políticas Pretas (GAPP), que tem como objetivo potencializar a participação de negros e negras em reuniões governamentais para criação de políticas publicas, focadas em combater o racismo institucional e o genocídio da população negra nas periferias de São Paulo.
“Somos militantes da dança, teatro, rap, samba, MPB, grafite, religiões de matrizes africanas, além disso, somos professores universitários, arte educadores, pesquisadores acadêmicos, profissionais do audiovisual e mídia. E é com esta base que criamos a Ocupação Preta, pelo fato de não ter as nossas demandas discutidas como prioridade dentro da ocupação. Com isso, estamos transformando a Funarte em um espaço de manifestações culturais mais democrático e plural, reforçando a importância de criar políticas públicas em prol da população negra, que sofre todos os dias o impacto do racismo estruturante e da violência do estado”, afirma Eric Justino, militante quilombola e co-fundador do Grupo de Articulação de Políticas Pretas.
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Entre as reivindicações pleiteadas pelo GAPP, está a criação de medidas governamentais para combater: a invisibilidade e o genocídio da população negra; a Apropriação Cultural de obras e projetos originais e criativos enraizados na cultura afro-brasileira; escassez de políticas públicas nacionais voltadas para produção de artistas negros; a intolerância religiosa, com base nas garantias do Estatuto da Igualdade Racial, Lei 12.288/2010; a garantia da implantação da Lei 10.639, que prioriza o ensino da cultura afro brasileira no ensino fundamental e médio; a homofobia aliada ao Racismo que afeta diretamente o status social dos jovens negros e periféricos; repúdio ao discurso da bancada evangélica, para que haja entendimento sobre o real propósito das religiões de matrizes africanas, a fim de desmistificar conclusões e pontos de vista sem fundamento étnico e antropológico.
Para Gal Martins, co-fundadora do GAPP e idealizadora da Cia. Sansacroma, umas das primeiras companhias de dança contemporânea da Periferia de São Paulo, o principal objetivo do movimento é propor reivindicações políticas por meio de um perspectiva afro centrada. “Nós queremos contribuir para a criação de políticas publicas que potencialize a voz do povo negro, juntamente com as suas raízes culturais. Desta forma, poderemos evitar o constante silenciamento da população negra na cidade de São Paulo”, destaca.
“Historicamente, o povo negro no Brasil marca presença em pesquisas e estatísticas negativas que interferem diretamente no seu desenvolvimento social, econômico e cultural. E tudo isso está ligado ao modo como são direcionadas e implantadas as políticas públicas na sociedade”, aponta Bob Contravercista, militante do movimento Hip-Hop e um dos integrantes do GAPP. Ele ressalta que cada vez mais o grupo vem ganhando força e chamando a atenção de importantes figuras públicas e políticas, que vem participando das assembleias e debates realizados no Ocupação Preta, espaço onde funciona atualmente as articulações do grupo na Funarte-SP.
Para difundir ainda mais a proposta de criação do GAPP e despertar o interesse de outras pessoas em participar do movimento, a Ocupação Preta está realizando diversas ações culturais na Funarte, mobilizando artistas e ativistas sociais para interagir com assembleias, debates, rodas de conversa, shows e intervenções culturais. “A nossa arte é intensa e ela toca as pessoas de uma forma indescritível. Por isso, estamos levando para o ocupação a essência da cultura negra e as suas mais diversas vertentes artísticas”, conclui Rita Teles, atriz e arte educadora que está apoiando as ações do GAPP e da Ocupação.
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