
Após reafirmar sua identidade como mulher negra no último episódio do podcast ‘Mano a Mano’ do Mano Brown, Camila Pitanga tem sido alvo de ataques e fake news nas redes sociais. A página “Parditude”, criada por Beatriz Bueno, compartilhou uma foto adulterada para questionar a negritude da atriz e até insinuar dúvidas sobre a paternidade de Antônio Pitanga.
No post, a página afirmava: “Camila Pitanga e sua mãe quando era bebê. Sim, ela nasceu loira e por isso suspeita-se que seu pai biológico seja o ex-marido da mãe, um francês”, acompanhada de uma imagem manipulada. Após críticas pela falta de comprovação, o post foi arquivado, mas Beatriz Bueno continuou a publicar stories com conteúdos tendenciosos, chamando o caso de “muito grave”.
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Nos stories, ela questionou a legitimidade da autoafirmação negra de Camila, afirmando que “Quando uma figura pública se coloca como referência e fala de raça pro público, existe também a responsabilidade de trazer transparência sobre suas origens.” e sugerindo possíveis inconsistências na identidade racial da atriz.
Segundo o advogado Dr. Hédio Silva Jr. em entrevista ao site Mundo Negro, as ações da jovem podem gerar consequências legais sérias para ser responsabilizada tanto civil quanto criminalmente.
Na esfera civil, Beatriz pode responder por dano moral coletivo, por violação à honra e dignidade de um grupo racial, e também por dano individual à personalidade de Camila Pitanga, já que a identidade racial é um direito de personalidade protegido por lei. “O Brasil é signatário de tratados internacionais que asseguram a primazia da autoidentificação. Não pode, essa moça querer virar agora uma espécie de tribunal de papel pardo ali, tribunal, que ela define a identidade racial das pessoas.”
No âmbito criminal, ela poderia ser processada por injúria simples, por atacar a honra subjetiva da atriz e violar a imagem que Camila tem de si mesma. “Não a injúria racial, a injúria simples, porque ao fazer isso, ela viola a honra subjetiva, a imagem que a Camila tem de si própria, chamada honra subjetiva”, explica Dr. Hédio.
O Mundo Negro entrou em contato com a Beatriz Bueno, mas ela não retornou até o fechamento da matéria.
“Isso é desconhecer a própria história”
O professor doutor em administração Hélio Santos, pioneiro a trabalhar impacto social no pós-Abolição, conversou com o Mundo Negro em maio deste ano, sobre onda de separação ou exclusão dos pardos da comunidade negra.
“Desde o primeiro Censo, em 1872, eles aparecem juntos, ou seja, 16 anos antes da Abolição. A mistura é nossa base, fruto do estupro que ocorreu com nossas mulheres pretas escravizadas e indígenas por séculos. Quem quer tirar isso são os jovens, desinformados por essas novas ondas, e isso me deixa muito bravo. Isso é desconhecer a nossa própria história”, afirmou.
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