Cresce número de franceses que migram para o Senegal em busca de pertencimento e progresso

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Cresce número de franceses que migram para o Senegal em busca de pertencimento e progresso
Menka Gomis abriu uma agência de viagens em Dakar - Foto: Reprodução

Um movimento crescente de franceses de origem africana em busca de oportunidades no continente de seus ancestrais está sendo descrito como um “êxodo silencioso”. Diante do aumento do racismo, da discriminação e do nacionalismo na França, muitos optam por se mudar para países como o Senegal, ex-colônia francesa e terra natal de seus pais.

Em reportagem realizada pela BBC, Menka Gomis, 39, parisiense de origem senegalesa que trocou a França pelo Senegal contou que abriu uma agência de viagens em Dacar voltada para quem deseja se reconectar com suas raízes: “Eu nasci na França, cresci na França, e nós conhecemos certas realidades. Tem havido muito racismo. Eu tinha seis anos e me chamavam de nigger (considerado um insulto racial) na escola, todos os dias”, contou.

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O fenômeno se destaca em um contexto de crescente islamofobia, endurecimento das políticas migratórias e alta de crimes de ódio na França. A reportagem mostrou que apenas em 2023, o Ministério do Interior registrou mais de 15 mil incidentes relacionados a racismo, um aumento de 33% em relação ao ano anterior.

A mudança não foi facilmente compreendida pela mãe de Menka Gomis, que emigrou para a França na década de 1980. “Não estou partindo apenas por causa de um sonho africano. A África é como as Américas na época da febre do ouro. É o continente do futuro, onde há muito a ser construído e desenvolvido”, explicou ele.

Além de Gomis, outras pessoas compartilham experiências similares. Fanta Guirassy, 34, enfermeira de Villemomble, subúrbio de Paris, planeja mudar-se para o Senegal com seu filho adolescente. “Na França, nos sentimos cada vez menos seguros. Recentemente, meu filho foi parado e revistado pela polícia. Como mãe, é traumático”, relata.

O desconforto com a discriminação também é citado por Audrey Monzemba, professora de origem congolesa que deseja se mudar para um ambiente onde sua fé seja respeitada. “Quero ir trabalhar sem ter que tirar meu véu”, diz Monzemba, 35, referindo-se à proibição do hijab em escolas públicas francesas.

Por outro lado, a adaptação no Senegal não é isenta de desafios. Salamata Konte, 35, que deixou um cargo de bancária em Paris para empreender em Dacar, relata dificuldades relacionadas a questões de gênero. “Os homens senegaleses têm dificuldade em aceitar que uma mulher possa ser CEO. Precisamos provar nosso valor constantemente”, afirma.

Apesar dos desafios, Gomis está otimista. Ele planeja expandir seus negócios e adquirir a cidadania senegalesa. “Minha agência está indo bem. O Senegal me oferece a oportunidade de criar e prosperar em um ambiente mais alinhado com os meus valores”, conclui.

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