Em um mundo tão estressante, a busca da sociedade pela saúde mental e bem-estar, é crescente. E existem alguns meios para se obter sucesso, quando o assunto é ter uma boa qualidade de vida. Praticar exercícios físicos, dormir e se alimentar bem, fazer terapia, praticar hobbys, ler e meditar são algumas dessas coisas. Entretanto, para conseguir executar parte dessas ações precisamos da ajuda de um profissional e falamos com um deles hoje.
Gabriel Romão (37), é instrutor de yoga e massoterapeuta, especialista nas massagens ayuvedica e tailandesa. Ele nos conta, que apesar dessa busca crescente por uma vida melhor, isso não consegue se manter uniforme em alguns pontos. Por exemplo: Imagine uma aula de yoga. A primeira imagem que nos vêm a cabeça é uma sala majoritariamente branca e feminina. E não é só uma imagem; Gabriel conta que durante seus processos de formação, era o único homem e/ou pessoa preta nos ambientes.
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Mas a presença de pessoas pretas nesse lugares tidos como elitistas, é essencial na quebra desse ciclo. A partir do momento em que enxergamos alguém semelhante a nós ocupando esses espaços, passamos a acreditar mais ainda que também podemos estar ali, até por que, de fato devemos estar! Mas nem sempre isso é algo fácil. Ao notar a falta de representatividade no meio, Gabriel começou alguns projetos de ação social, como aulas gratuitas em parques de Campinas, que foram vistos com maus olhos por vários de seus colegas da área que o questionável como ele iria ganhar dinheiro dessa maneira.
Apesar da importância do lucro, quando se toma consciência racial, você não deixa de se perguntar ”Mas só eu de negro aqui?”, e quer trazer outras pessoas para o seu redor, ou então levar isso até eles. É isso que o projeto Yoga na Roseira, do qual Romão faz parte, visa. A Casa de Cultura Fazenda Roseira, é uma instituição de Campinas gestada pelo Jongo Dito Ribeiro. Construída no século XIX, hoje ela é um dos maiores patrimônios da cultura e lembrança afro-brasileira do estado de SP, com foco em atividades de arte, cultura, culinária, antropologia e etc. Estar levando o mundo da Yoga para esse universo preto é uma ideia brilhante, e o convite para isso acontecer partiu da Doutora em urbanismo e gestão compartilhada, Alessandra Ribeiro. O projeto teve inicio no começo de 2020, mas com a pandemia de Covid-19 precisou ser pausado. A boa notícia, é que sim, ele deve ser retomado!
E foi durante a pandemia também, que Gabriel começou um outro trabalho: o ”Empoderar Preto”, onde ao lado de outros especialistas negros da Yogaterapia, ele conversa sobre ancestralidade africana, mesa radiônica, música, entre outros temas. A intenção, é justamente cuidar da saúde mental da população, esclarecer e refletir caminhos à nossa comunidade, que ficou tão vulneravél nos últimos meses, não somente pelo Coronavírus, mas também por casos como o de George Floyd, que abalaram nosso emocional.
Entretanto ter ações afirmativas como essa, em uma cidade como Campinas, leva a riscos. Lembramos aqui, que estamos falando da última cidade do Brasil a abolir a escravidão, e ainda carrega em si fortes influências daquela época. Esse mês (dezembro de 2021), um homem foi preso por alusão ao nazismo. E apesar de ter sido o único pego, ele não é o único com esses pensamentos na Terra das Andorinhas. Ano passado, o ”Empoderar Preto” precisou ser pausado quando foi invadido e ameaçado por grupos neo-nazistas. Felizmente as contas nas redes sociais foram recuperadas, mas os responsáveis não foram identificados.
A história de Gabriel, é como a de varias outras, a de alguém que acredita em seu potencial para potencializar outras pessoas pretas. De alguém que nos inspira a alcançar lugares, que antes, pareciam improváveis, por nenhum motivo palpável se não o racismo e a falta de acesso. Coisas que aos poucos, vamos quebrando e construindo uma sociedade com cada vez mais equidade.
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