Um ator em um estúdio improvisado e uma equipe fazem o exercício ficcional de recriar fragmentos da trajetória do escritor Afonso Henrique de Lima Barreto. Deste modo, e sem compromisso com a cronologia dos fatos, a Cia. Os Crespos abriu, na última quinta-feira (11), a temporada do espetáculo “A Solidão do Feio“, no Sesc Pinheiros, na capital paulista. Com apresentações de quinta à sábado, sempre às 20h, o espetáculo estará em cartaz até 09 de fevereiro.
Sob direção de Gabi Costa, o ator Sidney Santiago, interpreta o escritor e também assina a dramaturgia. O monólogo parte de um velório na parte externa da unidade do Sesc, e passeia por diferentes gêneros teatrais, para dar contornos de herói nacional à Lima Barreto.
Notícias Relacionadas
Angela Bassett volta ao papel de diretora da CIA em 'Missão: Impossível 8' e confirma novo suspense da Netflix em 2025
Peça dirigida por Vilma Melo celebra os 127 anos do Morro da Providência com apresentação gratuita
“Quando penso em Lima Barreto, penso em recontar a história de um homem insubmisso, que pensou o seu tempo e o seu país em profundidade”, afirma Sidney.
Em direção compartilhada com a atriz Gabi Costa, Sidney, cujos estudos sobre o romancista remontam 2009, escolheu ampliar a representação do autor, ao sair da biografia comum, que reduz Lima ao homem negro, literato que foi parar no sanatório por problemas com bebida.
“A Solidão do Feio é o nosso diário aberto de possibilidades para a existência de Lima Barreto. É o nosso e-mail salvo em rascunhos, que sempre que é revisitado, abre uma nova porta”, explica a diretora.
O personagem, é contado em primeira pessoa com suas certezas, contradições e sonhos de futuro. O monólogo integra uma trilogia da Cia Os Crespos, intitulada “Masculinidade & Negritude”, que leva o legado político, artístico e cultural de homens negros aos palcos.
Assim como Lima Barreto, João Francisco dos Santos (Madame Satã), e Benjamim de Oliveira são os nomes escolhidos desta cartografia coordenada por Sidney Santiago Kuanza.
Lima Barreto
Importante escritor, jornalista e cartógrafo afro-brasileiro. Sua obra está impregnada de fatos históricos e de uma perspectiva negra diante das evoluções e retrocessos políticos do Brasil. A escravidão, do racismo estrutural e as desigualdades sempre estiveram em suas páginas. Lima foi um pensador do seu tempo e de sua terra. Deixou obras célebres da literatura brasileira: “Recordações do escrivão Isaías Caminha” (1909), “Triste Fim de Policarpo Quaresma” (1911), “Clara dos Anjos” (1948), entre outras.
Serviço
“A Solidão do Feio”
Temporada de 11 janeiro à 09 de fevereiro de 2024*,
*Dia 25/01 (feriado) não haverá apresentação
Quinta à sábado, às 20h | Sexta-feira, 09/02, às 19h
Ingressos: R$ 12 (credencial plena), R$ 20 (meia) R$ 40 (inteira)
Duração: 80 minutos | Classificação: 14 anos
Sesc Pinheiros – Auditório (3º andar)
Notícias Recentes
Zonas de sacrifício racial: quando o racismo ambiental torna-se uma condenação
"A população negra paga o preço dessa injustiça ambiental", diz especialista no primeiro dia do G20 Social