Mundo Negro

Colorismo: diversidade, equidade e futuro 

Foto: Juvia's Place

Texto: Rachel Maia

Qual o tom da sua pele? Essa pergunta não deveria ser determinante para que cada indivíduo se compreendesse como menos ou mais na sociedade, principalmente aqui no Brasil, onde a multiplicidade é característica principal. 

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O padrão eurocêntrico foi naturalizado como referência determinante para definir o quão bela e respeitada uma pessoa seria e, infelizmente também, as oportunidades a que ela teria direito. As características africanas não eram aceitas e, com isso, a estrutura discriminatória dominou as práticas do viver e do saber. Quanto mais escuro o tom de sua pele, mais discriminação racial e menos oportunidades, ou seja: colorismo.

Colorismo, conceito usado pela escritora e ativista estadunidense Alice Walker em 1982, referência no assunto que se refere à raça negra e suas várias tonalidades de pele, aqui no Brasil se dá de várias maneiras e ganha repercussão principalmente quando o assunto são as cotas raciais.

Temos, então, o colorismo, que se trata do racismo que afeta pessoas negras de pele retinta (pessoas pretas) que são visivelmente lidos pela sociedade como são e que são historicamente excluídos de processos seletivos e publicidades por seu fenótipo, que apresenta traços marcantes, como nariz e boca avantajados, e textura do cabelo crespo. Quanto mais melanina, mais preconceito, e quanto mais próximo das características europeias, mais passabilidade. 

Pigmentocracia no Brasil

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) classifica a cor ou raça da sociedade brasileira em: preto, pardo, indígena, amarelo e branco. Os descendentes do período histórico que compõe o último século têm dificuldade de se autodeclarar racialmente e de compreender os 55 tons de peles encontrados no Brasil — divulgados pelo Grupo L’Oréal em 2023 —  por não entenderem suas origens e seu lugar de pertencimento na história brasileira.

A miscigenação, e os muitos tons de pele, que até hoje não se sabe ao certo como definir, gera conflitos na hora de estabelecer formatos para reparar os danos causados pela escravidão, que no Brasil durou 388 anos, contados a partir do que é considerado e datado na literatura como o “descobrimento do Brasil em 1500”. Hoje, essas pessoas, descendentes dos povos africano, indígena e europeu, criam maneiras de se reconhecerem na sociedade e pertencerem a ela com o devido direito. 

São muitas décadas de enfrentamento da herança do racismo e da negação cultural e intelectual de um povo que contribuiu ativamente e intelectualmente para a construção do Brasil. Como exemplo, menciono o escritor brasileiro Machado de Assis, intelectual negro, retratado como branco durante toda sua existência. 

Importante ressaltar que, para compreender e avançar, é necessário que todos entendam quem compõe a sociedade brasileira hoje e de que maneira. Para isso, é imprescindível revisitar a história continuamente e não se eximir dela. O conhecimento nos conduzirá ao saber e, com isso, a decisões que promovam práticas de equidade para reorganizar o que foi construído de maneira equivocada e excludente. 

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