por Alexon Fernandes
O que pessoas negras mudam em si para serem aceitas no ambiente corporativo? Quais concessões feitas, no que diz respeito a traços estéticos e gostos, na busca de uma trajetória profissional um pouco mais suave? Essas são perguntas que raramente fazemos, mas que têm muito sentido, considerando que o ambiente organizacional, na maioria dos casos, não é projetado para negros e negras. Adaptar-se pode exigir alterações no jeito de se portar, no modo de se vestir, nos interesses e até na aparência.
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Essas mudanças têm nome: é o “code-switching”, que é o conjunto de alterações comportamentais que muitos profissionais negros são obrigados a adotar para que possam se manter e progredir em suas trajetórias profissionais. A razão principal é a tentativa de fugir dos julgamentos baseados em estereótipos negativos.
Pessoas negras são vítimas desses julgamentos e usam o code-switching para se protegerem. Por exemplo, mulheres negras que usam seus cabelos de forma natural podem ser julgadas injustamente como menos profissionais. Diante disso, elas recorrem ao alisamento de seus cabelos. Ou então, homens negros, que muitas vezes são tidos como impulsivos, tornam-se extremamente cuidadosos com suas reações, mesmo em situações limite. Ainda há os casos de intolerância religiosa, fazendo com que pessoas escondam manifestações de sua fé.
O code-switching – apesar de oferecer a vantagem do maior trânsito e acesso a oportunidade no mundo corporativo – traz custos e o principal é o psicológico. Muitos, por causa da falta de espontaneidade, não atingem plenamente sua performance profissional ou carregam sequelas psicológicas causadas pela repressão.
A capacidade de adaptação é uma característica positiva na vida profissional. Mas é necessário saber o exato momento em que isso se torna agressivo para nossa saúde emocional e mental.
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