“Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”? No spin-off do clássico nacional “Cidade de Deus”, o Buscapé, interpretado por Alexandre Rodrigues, volta a contar histórias a partir do seu ponto de vista, que se passa em 2004, 20 anos depois dos acontecimentos do filme, com novos e antigos personagens, e mostra que também é possível permanecer para lutar por um lugar melhor.
“Cidade de Deus: A Luta Não Para”, série original HBO, inicia com o resgate de momentos importantes do filme para dar continuidade na trama. Sem perder a autenticidade para contar essas histórias, o roteiro continua a abordar os desafios das periferias por conta da falta de segurança pública envolvendo o poder público e o crime organizado, mas agora também com o destaque às milícias do Rio de Janeiro
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No entanto, a série também terá um destaque para histórias inspiradoras e de superação, como a do próprio Buscapé, que ao registrar as fotos de Zé Pequeno assassinado em Cidade de Deus, retorna na produção como um fotojornalista consagrado.
Mas ele vive uma grande dualidade por querer cobrir outro editorial do jornal e parar de registrar a violência que assola contra pessoas negras e periféricas, mas não consegue esse espaço. Afinal, para muitos jornais, assim como na vida real, o mais importante são as manchetes violentas com o corpo de pessoas negras, e Buscapé consegue isso com exclusividade.
Sua filha Leka (Luellem de Castro) parece ser a responsável em desafiá-lo para querer essa mudança no trabalho, além de também terem atrito por ela ser uma cantora de funk, uma carreira não aprovada pelo pai. Leka exalta uma energia jovem vibrante que alegra a periferia com suas músicas de putaria e posicionamento contra o machismo e qualquer outro tipo de preconceito.
Além do Buscapé, o retorno de outros personagens também tornam o roteiro ainda mais interessante. Roberta Rodrigues volta a brilhar com o papel da Berenice, que viveu o trauma de perder o grande amor e não quer de jeito nenhum se envolver com um bandido novamente. Mas após uma série de acontecimentos que comprometem a segurança dos moradores, seu atual namorado pode querer se envolver com a criminalidade.
Cinthia, estrelada por Sabrina Rosa, também sofreu muito quando foi abusada sexualmente por Zé Pequeno e perdeu o namorado Mané Galinha, quando tentou vingá-la. Mas este é um novo momento para as mulheres de Cidade de Deus. Junto com Berenice, agora elas representam a força e a coragem das periferias. As duas se empenham para garantir um futuro melhor às crianças com a realização de ações sociais e apoio aos moradores.
O Barbantinho (Edson Oliveira) se torna um personagem surpreendente com muito agregar à série. Com mais espaço em cena, o amigo do Buscapé agora é um presidente de bairro respeitado e que busca se eleger como vereador do Rio de Janeiro, que nos lembra muitos líderes comunitários das quebradas, comprometidos com a vida e a cidadania.
Outros grandes nomes que também compõem o elenco garantem a qualidade da série, como Eli Ferreira, Thiago Martins, Marcos Palmeira, Andréia Horta, Aretha Sadick, Carol Dall Farra, entre tantos outros. Valendo destacar que a maioria dos talentos da trama são das comunidades do Rio de Janeiro, como Cidade de Deus, Vidigal e Mangueira.
Fernando Meirelles, diretor do filme Cidade de Deus, retorna como produtor, e Aly Muritiba assume a direção. Renata Di Carmo soma a super equipe de roteiristas, junto a Sérgio Machado, Armando Praça, Estevão Ribeiro e Rodrigo Felha. Com a experiência de cada um, a alta qualidade da continuação dessas histórias já era esperado. Vale muito a pena assistir!
A série original HBO estreia na Max neste domingo, 25 de agosto.
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