Muito a celebrar! Com mais de 20 anos de carreira, a jornalista baiana Rita Batista, 44, completa dois anos no time de anfitriões do programa “É de Casa“, da TV Globo, e recentemente, foi anunciada como a nova apresentadora do programa “Saia Justa“, do GNT, além lançar o seu primeiro livro “A Vida É Um Presente”, onde ela reúne mantras importantes, muitos dos quais compartilhava com seus seguidores nas redes sociais.
Em entrevista ao Mundo Negro, Rita fala sobre a alegria de viver este momento na carreira. “Quando eu cheguei no ‘É de Casa’,, eu acho que eu cerejei o bolo da minha vida profissional, né? Porque foram 20 anos para entrar na TV Globo. 20 anos trabalhando, produzindo, aprendendo, entendendo, sendo excepcional no meu ofício para que eu tivesse a oportunidade de mostrar meu trabalho na maior emissora do país. E quando houve o convite, foi algo tão natural”, conta.
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Ao longo das 21 temporadas do “Saia Justa”, Rita Batista se torna a quinta apresentadora negra a integrar o elenco do programa, que já contou com 25 apresentadores ao todo. Para a jornalista, a sociedade e o audiovisual vivem uma mudança importante. “É no passo a passo que a sociedade vai se adequando, vai entendendo que diversidade é um valor, que diversidade é importante, que equipes diversas trazem para as suas companhias, independente do ramo da empresa, uma melhor qualidade para os seus produtos. Isso não é diferente com o produto audiovisual ou com o produto televisivo”, afirma.
Leia a entrevista completa abaixo:
O que esses dois anos apresentando o “É De Casa” significam para você pessoalmente e enquanto profissional? Teve algum momento que você considera mais marcante?
Quando eu cheguei no “É de Casa”, eu acho que eu cerejei o bolo da minha vida profissional, né? Porque foram 20 anos para entrar na TV Globo. 20 anos trabalhando, produzindo, aprendendo, entendendo, sendo excepcional no meu ofício para que eu tivesse a oportunidade de mostrar meu trabalho na maior emissora do país. E quando houve o convite, foi algo tão natural. Eu entrei primeiro como repórter da “Super Manhã”. Eu recebi uma ligação de Rafael Dragó, meu diretor à época, dizendo que havia surgido uma vaga temporária de três meses para o Super Manhã e que, se eu quisesse, eu tinha que morar em São Paulo durante esses 90 dias. Eu falei: “Tá, beleza, vambora”. Por isso que eu acredito verdadeiramente que a vida é cheia de milagres. Porque quando tem que ser, não tem pra ninguém, não tem adversidade, não tem problema, não tem nada, é fluido, segue. Óbvio, evidente, que você tem que continuar fazendo, né?
Outro dia eu estava com Zezé Motta no [evento] Negritudes Globo, Antônia Pitanga e Atila Roque. Antônio e Atila disseram assim: “a gente nunca sabe”. E Zezé falou assim: “A gente nunca sabe qual vai ser o ponto de virada da carreira, qual vai ser o momento de ‘uau, cheguei aqui, todo mundo tá conhecendo meu trabalho’. Não importa se você trabalhou 10, 20, 30, 40, 50 anos, o que importa é que você continue trabalhando, porque esse momento do cavalo selado passando na sua frente, não há como precisar”. E Zezé complementou, quando ela falava sobre os louros da carreira, aos 70 e poucos anos, a primeira campanha publicitária, aos 78, e aí ela disse: “Tudo valeu a pena. Absolutamente tudo que eu fiz, tudo que eu passei, valeu a pena”. Então eu acho que é isso. Eu tô vivendo um novo momento da minha carreira, mas colhendo tudo que plantei, porque o plantio pode até ser aleatório, mas a colheita é certa. Disso não tenho dúvida. Eu cheguei em dezembro de 2020 como repórter da TV Globo, da “Super Manhã”, um ano e meio depois, o convite veio e a estreia dessa nova formação foi em julho de 2022. Aí eu falei: “É isso. Bora. Agora que agora é uma nova caminhada, ainda não cheguei no topo da montanha, mas tô na trilha certa, é isso aqui, vamos lá”.
Quais são suas expectativas para essa nova fase no “Saia Justa”? E qual a importância de ter uma apresentadora negra e baiana para manter a qualidade das entrevistas no programa?
Eu acho que como a sociedade muda, o audiovisual também. É no passo a passo que a sociedade vai mudando, vai se adequando, vai entendendo que diversidade é um valor, que diversidade é importante, que equipes diversas trazem para as suas companhias, independente do ramo da empresa, uma melhor qualidade para os seus produtos. Isso não é diferente com o produto audiovisual ou com o produto televisivo. Então, a gente está num novo momento do “Saia [Justa]”, uma nova temporada, um programa que completa 22 anos no ar, ininterruptos, eu com 21 anos de carreira. Eu acho que está todo mundo com muita maturidade, fora que a gente tem essa possibilidade de atender a nossa audiência, como sempre foi feito, diante das mudanças que a nossa sociedade vem passando nos últimos tempos de todas as transformações desse Brasil, que vive nessa era de cancelamentos ao mesmo tempo de adequações linguísticas para que todos os grupos se sintam contemplados e sejam de fato contemplados. Enfim, a gente vive esses opostos, equilibrando a balança e todos os pratos rodando ao mesmo tempo. Então, eu tô com grande expectativa porque é um programa que eu sou verdadeiramente apaixonada, tanto do lado de dentro quanto do lado de fora. Eu como espectadora, como eu disse, o Saia tem 22 anos de carreira, eu tenho 21 anos. Fui repórter do Saia em 2016, então conheço também internamente e eu acho que vai ser massa. Fora que são três novidades, né? Que eu não sei também, viu minha gente? Eu só sei de mim e de Bela Gil. As outras duas companheiras, não sei, tô que nem vocês, aguardando ansiosamente. Então é muita novidade junta, né? Vai ser massa.
No seu livro “A Vida É um Presente”, lançado recentemente, você traz mantras para o dia a dia que fizeram a diferença na sua vida. Destes, você tem algum favorito e por quê?
Pra mim, o mantra da minha vida é: “Eu sou corajosa, destemida e forte, eu sou alegre, expansível, cheia de vida, tudo me corre bem, eu sou um ímã para atrair tudo que é de bom e útil e eu gosto da mais perfeita saúde”. Esse mantra é muito especial porque uma grande amiga, que é jornalista também, Mônica Vasco, me ensinou há muitos anos. Foi a primeira pessoa, despretensiosamente, como texto jornalístico, ela me ensinou, sabe? Porque ela aprendeu com o mestre Didi. E o Mestre Didi, filho de Mãe Senhora, do Ilê Axé Opó Afonjá. O Mestre Didi, um sacerdote também, um artista plástico, um homem de muito conhecimento. Então, a partir dali, mesmo sem saber ainda, sem ter consciência do poder da palavra, eu me apropriei disso e esse me acompanha para o resto da vida. Eu tô pensando até em tatuar, porque tenho pouca tatuagem, ainda tem espaço no corpo. Pra isso, pra muita coisa.
Como você concilia o papel de mãe com sua carreira profissional, com gravações do É de Casa no RJ, e agora do Saia Justa em SP, e o filho morando com o pai em Salvador? Você acredita que as mulheres estão cada vez mais combatendo julgamentos sobre o que deveria ser a maternidade ideal?
Eu acho que esse peso da maternidade eu nunca carreguei, e eu falo isso obviamente de um lugar de muito privilégio, de mesmo numa relação que já acabou, o meu casamento já terminou, mas os papéis de pai e mãe são desempenhados na sua totalidade. E Marcel, como ele é um excelente pai, e qualquer homem nesse país, que faz o seu papel de pai, e faz mais alguma coisa além do que deve ser feito, fica nesse lugar, no pedestal, não é porque ele se coloca, mas a sociedade faz isso, então é ele que está nas festinhas, porque acontecem as finais de semana, é ele que está nas apresentações de escola, que acontecem também aos finais de semana ou nas sextas-feira, enfim. Nas urgências e nas emergências, que às vezes também, porque as crianças se machucam no final de semana e não durante a semana (risos)… não deveria se machucar em época nenhuma, mas ele tem muito isso. Fora a experiência, porque ele tem outros dois filhos do primeiro casamento dele, filhos mais velhos obviamente, então ele é muito rápido com as crianças, e ele também tem essa porção brincalhona, que eu por exemplo não tenho, de ficar horas brincando, horas se jogando no chão, eu não sou essa mãe, Eu sou a mãe do muito carinho, do afago, do colo, do beijo, do abraço, do “eu te amo”, das brincadeiras que tem início, meio e fim. E o meu filho sabe o que é que eu tô fazendo, sempre foi dito isso a ele. A gente nunca inventou historinha, mentir ou qualquer coisa do tipo. Por isso que eu digo que eu falo desse lugar de privilégio, que eu tenho um pai presente, uma rede de apoio, tanto eu quanto ele, uma rede de apoio profissional para que nós tenhamos as nossas vidas profissionais em plenitude.
Ah, julgar, vamos julgar. Gente, eu sou mulher, né? Vamos julgar a vida toda, desde sempre. E com a maternidade, eu fui logo me acostumando com o julgamento quando eu disse, e eu criei essa hashtag, o Verdades Gravídicas, que era minha série sobre maternidade no Instagram, na rede social, que era “Não pega na minha barriga”. Porque já começa daí, a sociedade acha mesmo que tem um poder sobre uma mãe, sobre uma mulher grávida. E que vai criar todos os ditames pra essa maternidade, para experiência dessa mulher com a maternidade dela. Começar por esse negócio de ficar passando a mão na barriga. Você nunca viu a pessoa na existência e a pessoa fica: “oh, quantos meses?” Não, não pega na barriga. E não tinha essa conversa aí, ninguém pegava mesmo. E acabou essa história. O corpo é meu, o filho é meu e eu não sou um receptáculo, sabe? Eu sou uma pessoa inteira. E é por isso que eu digo às mulheres: “vocês não são um receptáculo, vocês não são só mãe. Mãe é uma das facetas desse ser feminino completo”.
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