
⚠️ Alerta de Gatilho: Este conteúdo aborda temas como abuso sexual e violência doméstica.
A cantora Cassie Ventura, ex-namorada do rapper e produtor musical Sean “Diddy” Combs, prestou um depoimento considerado bastante perturbador e detalhado na terça-feira (13), durante o julgamento federal que investiga o artista por tráfico sexual e outros crimes. Um dia antes, o júri havia assistido a um vídeo em que Combs aparece espancando Cassie em um hotel, em 2016.
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Cassie, que está grávida de seu terceiro filho, fruto de seu casamento com Alex Fine, se emocionou ao relatar abusos físicos e psicológicos, sexo forçado e episódios de violência durante os mais de dez anos de relacionamento com Combs. Segundo ela, as agressões incluíam socos, chutes, pisões e arrastões, em geral após discussões violentas. Questionada sobre a frequência da violência, respondeu: “Com muita frequência”.
A promotoria acusa Combs de conspiração para extorsão, duas acusações de tráfico sexual por força, fraude ou coerção, e duas de transporte para fins de prostituição. O rapper se declarou inocente. No interrogatório conduzido pela procuradora-assistente dos EUA, Emily Johnson, uma pergunta se repetiu: de quem foi a decisão? Cassie respondeu, sempre: “Sean”. Ela afirmou que o artista a envolvia em “aberrações” sexuais, chamadas de “freak offs” — encontros altamente orquestrados com uso de óleo de bebê, acompanhantes do sexo masculino, cera de vela e drogas. “As aberrações se tornaram um trabalho em que não havia espaço para fazer mais nada além de me recuperar e tentar me sentir normal novamente”, disse.
Cassie contou que o controle de Combs se estendia a todos os aspectos da vida dela, da carreira ao modo de vestir. Disse que mantinha relações sexuais com ele por obrigação e sob ameaça de chantagens. “Eu não sabia o que ‘não’ poderia ser, ou no que ‘não’ poderia se transformar”, afirmou.
Ela descreveu episódios em que, após recusar seus chamados, era perseguida por ligações incessantes e por seguranças do artista. Disse que Combs monitorava seus passos e que chegou a lhe alugar apartamentos em Nova York e Los Angeles para mantê-la próxima, com acesso livre a ambos os locais.
Durante o depoimento, Cassie chorou ao lembrar que os únicos momentos em que se sentia próxima de Combs eram justamente durante os “surtos” sexuais. Em uma ocasião, ela foi colocada em uma piscina inflável com óleo de bebê e lubrificantes, dentro de um quarto de hotel, onde deveria entrar com “roupa” e sapatos. “Foi uma bagunça”, disse. “Era como se eu dissesse: ‘O que estamos fazendo?’”
A promotora também abordou o impacto dos episódios na carreira de Cassie, que assinou com a gravadora Bad Boy Records, de Combs, em 2006. Segundo ela, criou centenas de músicas, mas apenas algumas foram lançadas. “Os surtos viraram um trabalho”, afirmou. Os encontros duravam até 48 horas e exigiam recuperação física por causa de desidratação, fadiga e uso de entorpecentes, disse.
Cassie contou que Combs apresentou a ela o ecstasy durante uma viagem a Miami, onde também aconteceu a primeira relação sexual entre os dois. Ela afirmou que era sexualmente inexperiente à época, tinha 22 anos, e que se sentia confusa, mas também apaixonada. “Eu estava realmente confusa na época. E jovem.”
Fotos exibidas no tribunal mostravam momentos de intimidade do casal, inclusive no banco de trás de um carro e em clubes noturnos. Cassie disse que no início não falavam publicamente sobre o relacionamento, porque Combs temia que parecesse favorecimento, já que produzia suas músicas.
O depoimento também incluiu menção a um episódio em que Combs deixou uma “surpresa” sexual em sua casa para confrontar o executivo Suge Knight em um restaurante em Los Angeles. Cassie disse que o rapper saiu com armas após ser informado sobre o paradeiro de Knight. “Eu estava chorando. Eu estava gritando, tipo ‘Por favor, não façam nenhuma besteira’. Eu estava muito nervosa por eles. Eu não sabia o que eles iam fazer”, afirmou. “É como se eu nem estivesse lá.”
A defesa de Combs, representada pelo advogado Marc Agnifilo, argumentou que os vídeos usados como provas são de “natureza pornográfica adulta” e que não deveriam ser exibidos publicamente. A promotora Emily Johnson rebateu, alegando que há precedentes para manter os registros fora do domínio público.
O júri é composto por doze pessoas — oito homens e quatro mulheres — e seis suplentes. Entre eles estão um massagista, um analista de investimentos e um atendente de delicatessen. Suas identidades são conhecidas pelas partes envolvidas, mas não foram reveladas ao público.
O julgamento continua nos próximos dias.
OBS.: Se você ou alguém que você conhece está em situação de violência doméstica ou suspeita de abuso sexual infantil, é fundamental buscar ajuda. No Brasil, denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo Disque 100 (Direitos Humanos) e pelo 180 (Central de Atendimento à Mulher). Além disso, delegacias especializadas, conselhos tutelares e o Ministério Público também podem ser acionados. Em casos de emergência, ligue para o 190 (Polícia Militar). A denúncia é um passo essencial para interromper o ciclo da violência e proteger as vítimas.
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