Carta aberta às mulheres em cargos de liderança – ou que estão a caminho –, especialmente às negras

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Carta aberta às mulheres em cargos de liderança – ou que estão a caminho –, especialmente às negras
Foto: Reprodução/Instagram

Esta é uma carta aberta às mulheres, em especial as negras em cargos de liderança e àquelas que trilham o caminho para chegar lá.

Por muito tempo, fomos levadas a acreditar que, para ocupar espaços de poder, precisávamos nos conformar com o “modelo masculino” , a tal energia deles na liderança. “Sente-se à mesa, fale mais alto, aja como eles.” Essa narrativa, que parecia abrir portas, na verdade nos forçava a um molde não feito para nós. O problema nunca foi onde estávamos sentadas, mas quem desenhou a mesa e para quem ela foi feita.

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O modelo de liderança que nos foi apresentado é hierárquico, competitivo e inflexível, dependente da força bruta. Nossa presença nesses espaços, muitas vezes, foi condicionada à reprodução desses padrões. É como se só assim pudéssemos ser aceitas.

Mas a verdade é que não precisamos ser como homens para liderar. Não precisamos falar mais alto para sermos ouvidas, endurecer para sermos respeitadas ou competir para provar nosso valor.

Quais mulheres negras são suas maiores referências de liderança? Será que elas alcançaram suas posições imitando homens? Eu espero que não. Elas inovaram, desafiaram o status quo e se mantiveram fiéis a si mesmas. O problema nunca foi apenas chegar ao topo, mas nos fazer crer que, para isso, precisávamos abrir mão da nossa autenticidade.

Vivemos um momento de transformação. Não basta ocupar o topo; precisamos reconstruí-lo, com nossas próprias mãos e perspectivas. Isso significa recusar moldes antigos que nos limitam e criar novos caminhos, onde colaboração, empatia e propósito sejam reconhecidos como forças.

Ainda há muito a ser feito. No Brasil, mulheres negras ocupam apenas 4,7% dos cargos de liderança nas 500 maiores empresas do país. Em 2021, apenas 39,5% dos cargos gerenciais eram ocupados por mulheres, e essa disparidade é ainda maior para mulheres negras.  

Apesar dos desafios, mulheres negras têm se destacado em diversas áreas, demonstrando que a liderança feminina e negra é uma força poderosa para a mudança. Elas lideram empresas, ONGs, movimentos sociais e inspiram outras mulheres a romper barreiras.

Que esta carta seja um chamado à ação. Que possamos nos inspirar em mulheres negras que ousaram liderar de forma autêntica e construir um futuro onde a liderança seja diversa, inclusiva e justa.

Referências:

  1. Instituto Ethos. (2023). Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas.
  2. IBGE. (2021). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua.

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Kelly Baptista, atualmente Diretora Executiva da Fundação 1 bi e Top Voices no Linkedin. Atua a mais de 23 anos em diversas organizações sociais impactando milhões de jovens, mulheres e crianças, com trabalhos reconhecidos e certificados por órgãos nacionais, internacionais e governos. Gestora Pública pela UNIFESP e Consultora, membra de alguns conselhos de organizações sociais e colunista do Site Mundo Negro o maior portal de conteúdo para negros do país. Entre 2017-2019 foi eleita Conselheira de Políticas para Mulheres da cidade de São Paulo e em 2014 por um programa de fortalecimento em questões de gênero e juventude da ONU Mulheres, foi eleita uma das 25 Jovens Mulheres Líderes,mais promissoras. Membra da Rede de Líderes da Fundação Lemann, que reúne um grupo de pessoas extraordinárias, que exercem liderança, com grande potencial de mudar o Brasil e que já estão agindo para transformá-lo em um país mais justo e avançado Na Fundação 1 bi utiliza o poder das ferramentas digitais e da EDUCAÇÃO para promover oportunidade para jovens brasileiros. Tem a responsabilidade de liderar um time inovador que desenvolve tecnologias gratuitas para milhões de alunos e professores da rede pública e organizações sociais do Brasil.

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