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Esta é uma carta aberta às mulheres, em especial as negras em cargos de liderança e àquelas que trilham o caminho para chegar lá.
Por muito tempo, fomos levadas a acreditar que, para ocupar espaços de poder, precisávamos nos conformar com o “modelo masculino” , a tal energia deles na liderança. “Sente-se à mesa, fale mais alto, aja como eles.” Essa narrativa, que parecia abrir portas, na verdade nos forçava a um molde não feito para nós. O problema nunca foi onde estávamos sentadas, mas quem desenhou a mesa e para quem ela foi feita.
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O modelo de liderança que nos foi apresentado é hierárquico, competitivo e inflexível, dependente da força bruta. Nossa presença nesses espaços, muitas vezes, foi condicionada à reprodução desses padrões. É como se só assim pudéssemos ser aceitas.
Mas a verdade é que não precisamos ser como homens para liderar. Não precisamos falar mais alto para sermos ouvidas, endurecer para sermos respeitadas ou competir para provar nosso valor.
Quais mulheres negras são suas maiores referências de liderança? Será que elas alcançaram suas posições imitando homens? Eu espero que não. Elas inovaram, desafiaram o status quo e se mantiveram fiéis a si mesmas. O problema nunca foi apenas chegar ao topo, mas nos fazer crer que, para isso, precisávamos abrir mão da nossa autenticidade.
Vivemos um momento de transformação. Não basta ocupar o topo; precisamos reconstruí-lo, com nossas próprias mãos e perspectivas. Isso significa recusar moldes antigos que nos limitam e criar novos caminhos, onde colaboração, empatia e propósito sejam reconhecidos como forças.
Ainda há muito a ser feito. No Brasil, mulheres negras ocupam apenas 4,7% dos cargos de liderança nas 500 maiores empresas do país. Em 2021, apenas 39,5% dos cargos gerenciais eram ocupados por mulheres, e essa disparidade é ainda maior para mulheres negras.
Apesar dos desafios, mulheres negras têm se destacado em diversas áreas, demonstrando que a liderança feminina e negra é uma força poderosa para a mudança. Elas lideram empresas, ONGs, movimentos sociais e inspiram outras mulheres a romper barreiras.
Que esta carta seja um chamado à ação. Que possamos nos inspirar em mulheres negras que ousaram liderar de forma autêntica e construir um futuro onde a liderança seja diversa, inclusiva e justa.
Referências:
- Instituto Ethos. (2023). Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas.
- IBGE. (2021). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua.
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