Mulheres negras que trabalham com equipes majoritariamente brancas têm menor probabilidade de receber promoção, afirma estudo de Harvard

Um estudo recente publicado pela Universidade de Harvard lançou luz sobre os desafios enfrentados por mulheres negras no ambiente de trabalho, especialmente quando inseridas em equipes predominantemente compostas por colegas brancos. A pesquisa divulgada em novembro revelou resultados preocupantes sobre a rotatividade e os baixos índices de promoção dessas mulheres em comparação com seus colegas brancos.

Ao analisar mais de 9.000 novos funcionários em uma empresa de serviços profissionais entre 2014 e 2020, o estudo identificou que as mulheres negras inseridas em equipes com maior número de pessoas brancas enfrentavam maiores dificuldades. Elas eram mais propensas a serem consideradas como profissionais de “baixo desempenho” e, consequentemente, tinham menos chances de receber promoções ou mesmo de permanecer na empresa ao longo do tempo.

Os dados conclusivos do estudo destacam que funcionários negros, especialmente mulheres negras, têm uma probabilidade 32% maior de deixar o emprego nos dois primeiros anos após a contratação em comparação com colegas brancos. Além disso, apresentam uma probabilidade 26% menor de serem promovidos dentro do prazo previsto. Isso representa uma diferença ainda mais acentuada, com um aumento de 51% na rotatividade entre mulheres negras e brancas.

Elizabeth Linos, coautora do estudo e professora associada de Políticas Públicas e Gestão, destacou a relevância das horas faturáveis ​​na empresa como uma métrica crucial para medir o sucesso dos funcionários. Isso impactava as mulheres negras, já que aquelas inicialmente designadas para equipes com uma proporção maior de colegas brancos relatavam menos horas faturáveis, mais horas de treinamento e eram consideradas com mais frequência como profissionais com desempenho fraco, aumentando assim as chances de rotatividade.

Uma análise do estudo revelou que as mulheres negras eram o único grupo demográfico a enfrentar resultados significativamente adversos em promoção e retenção quando inseridas em equipes mais brancas. De acordo com o estudo, homens negros ou mulheres e homens hispânicos, não foram prejudicados da mesma forma que as mulheres negras quando inseridas em equipes majoritariamente brancas. Isso indica uma questão específica enfrentada por mulheres negras neste ambiente de trabalho.

Ao comentar sobre essas descobertas, Linos ressaltou que, embora a sociedade avance na diversificação dos locais de trabalho em algumas áreas, as mulheres negras ainda enfrentam obstáculos adicionais para promoção no ambiente profissional. Ela destacou a necessidade de mais pesquisas sobre como os funcionários brancos podem adaptar seus comportamentos para evitar contribuir para as dinâmicas excludentes de gênero e raciais existentes no trabalho.

Entender esses desafios é fundamental para implementar mudanças significativas no ambiente corporativo. O estudo propõe a necessidade de políticas de intervenção que possam ajudar a mitigar o impacto negativos dos colegas brancos na rotatividade e promoção de mulheres negras. A pesquisa também sugere a importância de políticas de promoção de equidade racial e de gênero para que mulheres negras possam conquistar cargos de liderança, colaborando com mudanças nesse cenário.

 

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