Mulheres negras ainda enfrentam grandes desafios para alcançar posições de liderança nas maiores empresas do país. De acordo com o estudo “Perfil Social, Racial e de Gênero das 1.100 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas 2023-2024”, divulgado pelo Instituto Ethos, apenas 3,4% das mulheres negras ocupam cargos executivos, enquanto 53,7% delas estão em posições de estágio.
A pesquisa revela que, apesar de programas voltados à inclusão, como os de estágio e trainee, a ascensão de mulheres negras a postos de comando ainda é limitada. O levantamento, que contou com a participação de 131 empresas de grande porte, destaca que a presença de mulheres negras em conselhos de administração, instâncias responsáveis pelas principais decisões estratégicas, é de apenas 1,8%, em contraste com 77% de homens brancos.
O estudo também aponta que as companhias têm mostrado maior preocupação em fomentar políticas de inclusão de gênero do que de raça em cargos de liderança. Mais da metade (51,6%) das empresas pesquisadas afirmam possuir metas de inclusão de mulheres em cargos executivos, enquanto apenas 21,1% têm políticas específicas para pessoas negras e somente 7,4% voltadas para mulheres negras.
Os dados reforçam uma evolução mais rápida para mulheres do que para pessoas negras no ambiente corporativo. Entre 2015 e 2023, a participação feminina em conselhos de administração cresceu 7,6 pontos percentuais, de 11% para 18,6%, enquanto o número de pessoas negras subiu apenas 1 ponto percentual, de 4,9% para 5,9%.
A pauta de inclusão de gênero ganhou força no Brasil por volta de 2014, com o lançamento de iniciativas como o movimento Mulher 360, que impulsionou a discussão sobre a presença feminina no mercado de trabalho. Já as ações focadas em pessoas negras só começaram a ganhar destaque após 2020, com a repercussão do movimento “Vidas Negras Importam”, que chamou a atenção para a questão racial nas corporações brasileiras.
O levantamento do Instituto Ethos analisou empresas com faturamento superior a R$ 300 milhões, das quais mais de 80% ultrapassam R$ 1 bilhão em receita anual. Essas companhias empregam juntas mais de três milhões de trabalhadores, evidenciando a importância da diversidade em suas estruturas corporativas para a construção de um mercado mais inclusivo.