O Google, empresa pertencente à gigante de tecnologia Alphabet, emitiu um comunicado afirmando que não buscará mais formalmente melhorar a diversidade de sua força de trabalho. A decisão marca mais um passo no recuo do Vale do Silício em relação a iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), que são constantemente atacadas pelo atual presidente dos EUA, Donald Trump.
Em uma nota interna enviada aos funcionários, o Google afirmou que está revisando seus programas e que não terá mais “metas ambiciosas” relacionadas à representação: “Em 2020, definimos metas de contratação ambiciosas e nos concentramos em expandir nossos escritórios fora da Califórnia e Nova York para melhorar a representação”, disse Fiona Cicconi, diretora de pessoal da Alphabet, em um e-mail enviado à equipe na quarta-feira (5), de acordo com a agência Reuters, “…mas no futuro não teremos mais metas ambiciosas”, afirmava o texto do e-mail.
A gigante da tecnologia também afirmou em comunicado publicado pela Bloomberg que as mudanças acontecem “após recentes decisões judiciais”, se referindo às ordem administrativas emitidas por Trump que proíbem políticas de DE&I: “Como contratante federal, nossas equipes também estão avaliando as mudanças possíveis após recentes decisões judiciais e ordens executivas sobre esse tema.”
A decisão do Google ocorre em um contexto de pressão política e legal contra iniciativas de DEI. Ao assumir seu mandato, Trump deixou claro seu objetivo de eliminar tais programas tanto no setor corporativo quanto no serviço público federal dos Estados Unidos. Ele chegou a pedir que agências governamentais identificassem empresas e organizações que deveriam ser investigadas por práticas consideradas “ilegais de DEI”.
Além disso, empresas têm revisado seus programas de diversidade para se protegerem de desafios legais, especialmente após a decisão da Suprema Corte dos EUA em 2023, que limitou o uso de ações afirmativas em processos de admissão universitária. Outras grandes corporações, como Amazon, Meta e Walmart, também reduziram suas iniciativas de DEI nos últimos meses.
A Alphabet, controladora do Google, enfrenta ainda uma proposta de acionistas do estado de Oklahoma que busca acabar com programas de DEI na empresa. O estado tem usado sua influência como investidor para pressionar corporações a abandonarem tais iniciativas.
A mudança no Google é particularmente significativa no Vale do Silício, região conhecida por ser um bastião de ideais liberais e progressistas. Recentemente, a empresa também alterou seus princípios de inteligência artificial, removendo uma passagem que prometia evitar o uso de IA em aplicações ambientais, como armas, segundo a Bloomberg.