Discriminação racial no ambiente de trabalho escancara falhas nas políticas internas das empresas

Os episódios de discriminação racial ainda são uma triste realidade no Brasil. Não é preciso ir muito longe, casos recentes, que ganharam destaque na mídia, reforçam os diferentes cenários de racismo. É possível citar o caso da moradora do Rio de Janeiro que agrediu dois entregadores negros, o cantor negro que teve atendimento recusado em um caixa de supermercado em São Paulo, ou ainda, a mulher negra que foi perseguida por um segurança em outro estabelecimento na cidade de Curitiba.

Historicamente, a taxa de desocupação da população de pretos e pardos é maior do que a de brancos. E essa diferença acontece não só nos níveis de desemprego, como também na renda. Segundo dados do IBGE, em 2022, a taxa de desempregos para pretos e pardos passou de 12%, enquanto brancos correspondem a apenas 9%.

Para a empresária Tábata Silva é papel das empresas, no desempenho de sua função social, contribuir com a redução da desigualdade e eliminar a discriminação dos seus processos seletivos. “As vagas afirmativas para inclusão racial nas empresas privadas são um ótimo exemplo de por onde as companhias podem começar. Mas essa não é uma responsabilidade exclusiva do RH, todos devem se engajar na luta antirracista”, afirma a especialista.  “Nas empresas é necessário ter canais seguros para que as pessoas possam fazer denúncias sem medo de represálias. Promover a diversidade racial no mercado de trabalho é papel de todos, independente do cargo, origem, raça ou crença. Uma equipe diversa é formada por pessoas de diferentes etnias, gêneros e classes sociais”, diz.

Foto: Getty Images.

O empresário Alex Araujo avalia que o problema está concentrado em pequenas e médias empresas, com no mínimo 20 mil de faturamento e máximo de 300 mil. “São locais que normalmente não possuem um RH muito bem estruturado e sofrem com a escassez de benefícios, como farmácias e supermercados, por exemplo. Na maioria dos casos, não existe um profissional dedicado a orientar colaboradores sobre os temas que acontecem no dia a dia, como casos de assédio sexual, racismo e violência”, explica.

Outros estudos mostram que o preconceito racial e as altas taxas de inatividade também são fatores decisivos para que pessoas negras decidam montar o próprio negócio. O chamado “afroempreendedorismo” tem ganhado espaço devido à necessidade desses trabalhadores. Apesar disso, ainda existe urgência para que os empreendedores e as organizações entendam o papel essencial da diversidade, igualdade e inclusão para o desenvolvimento das empresas.

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