Com um investimento bilionário de US$ 23 bilhões e a visão arrojada de Aliko Dangote, o homem mais rico em África, a Refinaria Dangote entrou em operação após 11 anos de desenvolvimento. A maior planta de petróleo e gás do continente já processa 500.000 barris por dia, com previsão de atingir sua capacidade total de 650.000 b/d no próximo mês, consolidando-se como a sétima maior do mundo. Situada na Zona Franca de Lekki, na Nigéria, a refinaria não apenas revoluciona a indústria energética africana, mas também fortalece o império de Dangote, que volta a figurar entre os 100 bilionários mais ricos do mundo, segundo a Forbes.
Aliko Dangote faz uma pausa antes de refletir sobre o desafio de construir essa gigantesca estrutura. “Este é um alívio muito, muito grande”, afirma o magnata nigeriano em entrevista para a revista norte-americana. “Na verdade, está tirando algo do meu peito. Porque ninguém nunca nos deram a chance de provar isso”.
O impacto no mercado global de energia já é visível. Segundo a consultoria Vortexa, as importações de gasolina para a Nigéria atingiram a menor marca em oito anos, pressionando refinarias europeias que dependiam do país africano como destino. Com a nova refinaria, a Nigéria também se tornou exportadora líquida de combustíveis como querosene de aviação e nafta, conforme dados da S&P Global.
O sucesso da empreitada teve reflexos diretos no patrimônio de Dangote. Seu valor de mercado quase dobrou em relação ao ano passado, atingindo US$ 23,8 bilhões e garantindo seu retorno ao ranking dos 100 bilionários mais ricos do mundo da Forbes, posição que não ocupava desde 2018.
O projeto, no entanto, enfrentou dúvidas e resistências. Até o final de 2023, muitos especialistas questionavam se a refinaria sairia do papel. Mesmo após o início das operações, Dangote enfrentou dificuldades para garantir o fornecimento de petróleo da Nigerian National Petroleum Corporation (NNPC), estatal que detém a produção nacional de crude e que, inicialmente, havia se comprometido a suprir 300.000 barris por dia para a refinaria — compromisso que não foi cumprido integralmente.
A ambição de Dangote vai além da refinaria: ele quer transformar a Nigéria em um polo de produção e refino de combustíveis, reduzindo a dependência de importação e concorrendo com players europeus. Tentativas anteriores do governo nigeriano fracassaram, deixando o país dependente de importações de gasolina, em especial da Europa.
O empresário também defende um modelo de industrialização para toda a África. “Temos que construir nossa própria nação por nós mesmos. Temos que construir nosso próprio continente por nós mesmos, não [depender de] investimento estrangeiro”, diz. Segundo Dangote, o continente tem sido “um mero depósito de produtos acabados”, e a sua refinaria representa “um passo fundamental para garantir que a África tenha a capacidade de refinar seu próprio petróleo bruto, criando assim riqueza e prosperidade para sua vasta população”.
Fonte: Forbes