Carnaval Negro, Jurados Brancos: Desfiles enaltecem cultura negra, mas ausência de jurados diversos expõe desigualdade no Carnaval

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Carnaval Negro, Jurados Brancos: Desfiles enaltecem cultura negra, mas ausência de jurados diversos expõe desigualdade no Carnaval
Imagem: Cabines de Jurados, Carnaval Carioca – Foto: Reprodução/Internet

Os desfiles das escolas de samba deste ano trouxeram à tona não apenas a riqueza cultural da herança africana, sobretudo no Rio de Janeiro, onde 8 das 12 escolas de samba do Grupo Especial levaram para a Sapucaí temáticas centradas na herança africana, como também reacenderam o debate sobre a falta de diversidade entre os jurados que avaliam as agremiações.

Uma imagem do desfile da Mangueira, no dia 2 de março, que mostra a comissão de frente da escola, composta por dançarinos negros e que dizia “O carnaval”, dividida por outra imagem com os dizeres “Os jurados”, mostrando que quem avalia e dá notas aos desfiles eram, na maioria, pessoas brancas, chamou a atenção nas redes sociais. A disparidade entre quem desfila e quem julga levantou questionamentos sobre a representatividade nos espaços de decisão do Carnaval.

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Luana Genot, CEO do Instituto ID_BR, e responsável por publicar a imagem, destacou a contradição em uma publicação no Instagram: “Ainda Estou Aqui… esperando e torcendo para que o nosso Carnaval seja mais inclusivo em todas as suas alas!”, escreveu na legenda. A publicitária reforçou que o Carnaval brasileiro é uma festa profundamente negra, indígena e periférica, mas os jurados que decidem os resultados nem sempre refletem essa diversidade. “Representatividade importa… tanto que torcemos por Ainda Estou Aqui. Torcemos para ver o Brasil representado entre os filmes vencedores do Oscar, uma premiação que, historicamente, privilegia narrativas estrangeiras”, afirmou, em referência ao filme “Ainda Estou Aqui” estrelado por Fernanda Torres e que venceu o Oscar na categoria de ‘Melhor Filme Internacional’.

O desfile da Mangueira, especificamente, abordou a herança Bantu e foi marcado por alegorias que remetem às comunidades do Rio, como as pipas, brinquedos comuns nas favelas cariocas, e pela energia dos “crias” dançando passinho. A escola, que já abordou temas como a luta contra o racismo e a importância de figuras históricas negras, reforçou mais uma vez seu compromisso com narrativas que celebram a resistência e a ancestralidade africana.

Para Genot, a falta de representatividade nos cargos de decisão do Carnaval reflete um problema estrutural da sociedade brasileira. “Enquanto isso não for resolvido, o Brasil continuará impedindo a si mesmo de crescer e tirar nota 10 para além da avenida”, concluiu..

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