Em 20 de novembro é celebrado o Dia da Consciência Negra no Brasil. Apenas em 2011 por meio da Lei 12.519 a data foi instituída como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Mas apesar disso, a celebração não é considerada feriado nacional e muitas cidades e estados brasileiros optam – obviamente – por não aderir ao movimento.
Por conta da data, o mês de novembro é geralmente repleto de atividades, discussões, exposições, feiras e eventos que enaltecem de alguma forma a cultura negra. É o período onde mais vemos pessoas negras nos programas de televisão, em campanhas publicitárias, em revistas, outdoors e principalmente no ambiente digital, nas redes sociais.
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É o mês onde influenciadores, criadores de conteúdo, artistas, escritores e jornalistas negros são tirados da caixa e colocados em destaque.
É o mês onde a comunidade negra mais tem atividades culturais, tarefas e oportunidades.
Visto que nos outros 11 meses do ano essa presença negra é quase nula na mídia, podemos dizer com propriedade que existe sim uma apropriação da causa por parte de empresas, marcas, anunciantes, agências de propaganda e da sociedade como um todo.
A dúvida que fica é: esses profissionais negros contratados em grande escala em novembro, não pagam suas contas ou comem nos outros meses do ano?
E mais: A comunidade negra que consome quase 2 trilhões de reais por ano, vai continuar sendo representada na mídia apenas em novembro e em campanhas pensadas exclusivamente por pessoas brancas?
O ano é 2020. O país é o Brasil – a nação com maior quantidade de pessoas negras fora de África no planeta. E a sociedade brasileira ainda não entendeu que pessoas negras existem fora de novembro? Ou entendeu e prefere fingir que não e permanecer calada?
Imagine quase 60% da população nacional, mais de 110 milhões de pessoas boicotando empresas que falam com a gente apenas em novembro. Quantas sobrariam?
Contribua para a mudança desse cenário. Valorize a comunidade negra fora de novembro. Essa é a melhor prática antirracista que existe.