Enquanto muitas marcas de café exaltam figuras italianas, Danilo Negrete fundou uma marca de café que homenageia personalidades negras como Tereza de Benguela e Dandara dos Palmares, promovendo o protagonismo negro usando o produto para espalhar conhecimento sobre a ancestralidade preta.
Após deixar sua carreira no setor financeiro, Danilo, fundador e diretor de operações da marca Café Quilombo, decidiu abrir uma loja virtual que vendia produtos brasileiros. Entre azeite de dendê, chocolate, cachaça e café, foi o café que rapidamente se destacou em vendas.
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Reconhecendo o sucesso do produto, Danilo aceitou o convite de um fornecedor para representar a Café Quilombo. Assim, começou a vender os produtos de porta em porta para empórios e cafeterias, e aprofundar seus conhecimentos sobre o café. “No meio desse estudo descobri que o café era um produto de origem africana, que veio do continente africano, que o Brasil se transformou na maior economia cafeeira do mundo por conta da mão de obra escrava. E por mais absurdo que pareça neste mesmo mercado, o negro estava pouco inserido. Comecei a perceber que a população negra estava em posições periféricas dentro desta economia”, explica.
Durante a pandemia, inspirado pelo livro “Escravidão” de Laurentino Gomes, Danilo se sentiu tocado e inconformado, buscando uma forma de fazer a diferença. Foi então que surgiu a ideia da Café Quilombo. “Ao analisar os custos e a margem de lucro do café, percebi o potencial, mas faltava um nome que chamasse atenção. Inspirado pela história da população negra e pela minha própria jornada de autodescoberta, escolhi o nome CAFÉ QUILOMBO. Assim, deixei de representar a empresa do meu amigo e comecei a vender o meu próprio café, movido pela determinação e paixão”, diz.
Outro diferencial é o uso dos grãos Robusta ou Conilon, que atraem os conhecedores de café, os Coffee Lovers. Durante muito tempo, esse grão foi marginalizado, mas a Café Quilombo escolheu o robusta por sua resistência e características que refletem a identidade do povo: forte, intenso e resiliente.
“Escolhemos o robusta não só pelo motivo de ser um produto pouco comercializado no nosso país, mas porque ele tem a nossa identidade. O robusta é resistente a pragas, mais pesado, forte, intenso… tudo que é característico do nosso povo. A sinergia é total. Além disso, nossos cafés foram e são desenvolvidos para atender o consumidor que está insatisfeito com o café tradicional e não se identifica com o paladar dos cafés com acidez e doçura”, afirma o fundador da marca.
Comprometida com o desenvolvimento de ESG, no qual o principal pilar é o protagonismo negro, a marca está preocupada e alinhada com as oportunidades de negócios e trabalho com equivalência de gênero. Na sustentabilidade é uma empresa de baixo impacto ambiental.
“Escolhemos em usar o grão (robusta) devido à baixa necessidade de agrotóxico, e trabalhamos com fazenda em diversidade de cultivo, fugindo assim da monocultura, além disso nossa principal ação é a doação mensal de árvores para contribuir no combate ao aquecimento global”, explica Negrete. No que tange a governança, a Café Quilombo não se esconde atrás da tipologia jurídica. “Ser uma empresa atualmente de pequeno porte, não nos isenta das nossas responsabilidades fiscais, sendo sempre transparente e de acordo com nossos clientes, fornecedores e parceiros”, salienta o fundador da marca.
A Café Quilombo tem como meta para 2024 consolidar sua presença no varejo, especialmente no Carrefour, rede de hipermercados que a marca tem parceria desde novembro de 2023, apresentando números de vendas relevantes.
Atualmente, a Café Quilombo está investindo em degustações, promotorias e performance de vendas. A marca está presente em nove lojas da rede, 90% delas na capital paulista, com dois produtos: Tereza e Dandara, ambos moídos e em embalagens de 250g. A meta é chegar a 15 lojas na capital até o final do ano.
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