Palavras grotescas usadas para descrever o cabelo crespo é uma das manifestações racistas mais sofridas por mulheres negras. Triste constatar que em 2020, depois de meses de discussão global sobre o racismo, o cabeleireiro Wilson Eliodorio, bem conhecido no mundo da moda, colocou a modelo Mariana Vassequi em uma situação constrangedora por conta da textura do cabelo dela.
Eliodorio usou duas modelos negras para falar sobre cabelos crespos durante uma aula em seu salão para alunos brancos. Mariana tinha o cabelo mais crespo e volumoso. Eliodorio posicionado atrás da modelo e mexendo em seus cabelos disse. “Filhote do patrão, né? Patrão comeu e gerou isso”. Em seguida ele se dirigiu à outra modelo de cabelo crespo. “Esse também é um cabelo brasileiro, pela ascendência étnica, mas aqui é mais comum. Esse é um cabelo que a gente encontra mais na Europa”, ele tenta explicar.
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Nenhuma das falas sobre cabelos durante a aula para alunos brancos fazem sentido, mas uma é bem racista. Ao explicar que as modelos seriam miscigenadas, Eliodorio sugere que mulheres como Mariana são filhas de empregadas que se relacionam com o patrão ou talvez ainda, filha de mulheres que foram abusadas por seus donos nos tempos de escravidão.
É dessa forma que mulheres com cabelos crespos são lidos por Eliodorio que no seu feed no Instagram tem fotos com muitas celebridades negras, como Cris Viana, Tais Araújo, Gaby Amarantos e Naruna Costa.
Não demorou muito para o vídeo cair nas redes sociais e o profissional, obviamente pedir desculpas.
“Eu estou arrasado, eu estava tentando explicar o que era a miscigenação e a mistura de cabelos e fiz [sic] uma expressão péssima e aí tirada de contexto fica mais horrível ainda. Preciso pedir desculpas e me redimir. É uma vida defendendo esse cabelo. E só tenho que pedir desculpas” disse Eliodorio que se define como negro.
O momento que vários alunos tocam ao mesmo tempo no cabelo na Mariana, que também foi criticado, foi descrito pelo profissional, como uma experimentação, porque, de acordo com ele, o perfil dos seus alunos não têm muito contato com esse tipo de cabelo. “As pessoas precisavam por a mão, mas eu estava longe e não vi o que aconteceu”, explicou o cabeleireiro.
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