O Brasil se sente mais negro e a principal razão por trás disso é incrível, um maior conhecimento sobre a história da África. Nos últimos dez anos, o número de pessoas se autodenominando negras cresceu de 47,9% e para a marca de 54%; é a primeira vez que podemos dizer que negros são maioria no país.
Sabemos por que paramos aqui, a nossa contribuição para a sociedade brasileira e ao lado desta nova identidade entre nós, existe muito orgulho das raízes e um olhar para dentro da cultura brasileira. Me arrisco dizer que quanto mais nos sentimos negros, mais identidade brasileira carregamos na pele.
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Na pauta da grande mídia, o continente africano ainda é marcado por notícias negativas diariamente como doenças e guerras, mas existe sim uma agenda positiva atual. Ruanda, por exemplo, é o país com maior número de mulheres em um parlamento. Enquanto o mundo discute equidade de gênero, a nação centro-oriental tem 64% de mulheres responsáveis pela legislação. Senegal, Namíbia, Seychelles e África do Sul possuem 40% de mulheres nestas cadeiras.
Por mais que os ataques terroristas do Boko Haram ocupem as notícias, sobretudo pela imensa quantidade de mortos, as guerras civis reduziram e são apenas 12 hoje. Outro fato que podemos comemorar juntos é a redução da pobreza extrema e o crescimento rápido de uma nova classe média, bastante conectada e disposta a usar a tecnologia para reduzir as desigualdades sociais.
O revolucionário aplicativo M-Pesa se enquadra perfeitamente neste quadro. O app é um serviço de pagamento móvel muito popular no Quênia. O cliente usa o dinheiro virtual em lojas de varejo que, por conseguinte, podem movimentar este valor convertido na moeda local. É tão importante para a economia que se tornou 11% do PIB do país. Já o Tuluntulu, por exemplo, é uma plataforma de conteúdo mobile adequado para baixa velocidade de internet. Ambos foram classificadas pela Interbrands como marcas valiosas.
No campo das artes, estrelas como a atriz Lupita Nyongo e Chimamanda Ngozi, autora consagrada mundialmente, fazem questão de ressaltar os aspectos positivos das suas memórias no continente. O último ritmo a ganhar o mundo foi o Azonto, nascido em Gana e que mistura música africana com House (também de origem negra, porém criado na diáspora).
Nadja Pereira é jornalista, community manager e fundadora da consultoriaZeroponto54, especialista em insights de consumo da classe C.
*Este artigo foi publicado originalmente no blog da agência Santa Clara.
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