Apesar da fama de um envelhecimento mais tardio, a pele negra, como qualquer outra, precisa de cuidados específicos para lidar com as perdas que se acumulam ao longo do tempo.

A dermatologista Dra. Júlia Rocha confirma que as mudanças hormonais da menopausa afetam a qualidade da pele de mulheres negras de forma semelhante às mulheres brancas, levando à perda de tônus, firmeza e colágeno. “Na pele negra, vejo persistir a queixa da oleosidade em idades mais avançadas, porque temos um número maior de glândulas sebáceas, maiores e mais ativas”, explica. Mas ela complementa: “Mesmo que a percepção seja mais tardia de rugas, de linhas de expressão, de marcas, se você for comparar com uma pessoa branca, o envelhecimento vai chegar para todos nós”.

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Segundo a médica, um dos fatores de maior impacto no envelhecimento da pele negra são os melasmas. O mito de que peles escuras não precisam de proteção solar afetou uma geração, que agora sofre com manchas. “O melasma é muito comum em países tropicais de uma maneira geral, porque tem uma ligação direta com fotoexposição. E quando você vai jogar isso em linha do tempo, se você tem 60, 70 anos, você acumulou essa fotoexposição ao longo da vida, e isso vai estar mais presente na sua pele”, ressalta.

Outro ponto de atenção, ainda relacionado à luz, é que a pele negra é mais afetada pela radiação UVA, de maior comprimento de onda, e também pela luz visível, que inclui a luz azul emitida por telas e iluminação artificial. Estudos internacionais, publicados em revistas como Pigment Cell & Melanoma Research e International Journal of Cosmetic Science, mostram que a luz azul pode causar hiperpigmentação mais intensa e duradoura em fototipos mais altos, contribuindo para manchas, tom irregular e sinais de envelhecimento precoce. Além disso, a Dra. Júlia destaca o surgimento de pequenas lesões conhecidas como “verruguinhas” ou “pintinhas”, cujo nome técnico é dermatose papulosa nigra: “É uma outra questão também, essas pintinhas que são comuns na pele negra. O nome chique seria dermatose papulosa nigra, e elas têm uma associação com o avançar da idade”. Ela reforça que o uso precoce do protetor solar pode influenciar na menor presença dessas lesões com o passar dos anos.

A limpeza faz toda a diferença no skincare da pele negra

Complementando a discussão sobre o envelhecimento da pele negra, é fundamental destacar o papel da limpeza na rotina de cuidados. Segundo Priscila Moncayo, gerente de P&D da Natura, a higienização da pele vai além da remoção de impurezas: “A limpeza é parte do tratamento de skincare, não há dúvida. É ela que prepara a pele para receber os outros ativos e, quando bem feita, já entrega benefícios importantes”.

Para peles negras, que tendem a apresentar oleosidade por mais tempo, esse cuidado deve ser ainda mais estratégico. “Na pele negra, temos glândulas sebáceas em maior número, maiores e mais ativas. Isso significa uma produção de sebo mais intensa, então precisamos tomar cuidado para não causar um efeito rebote com produtos agressivos”, explica. Ela alerta que o excesso de limpeza pode ser prejudicial: “Se essa limpeza não for gentil, se não for adequada, você pode estar trazendo mais danos à barreira da sua pele do que benefícios”.

No contexto do envelhecimento, escolher um bom produto de limpeza faz diferença no estímulo à renovação celular, essencial para manter a pele com viço e textura uniforme. “Produtos com ácido glicólico, como o sabonete mousse, já estimulam essa renovação, o que é bastante importante para quem está buscando uma limpeza mais intensiva”, aponta. “Os resultados podem ser muito interessantes, especialmente quando pensamos em uma rotina de longo prazo.”

Moncayo também destaca opções suaves para peles mais maduras ou sensibilizadas. “Apesar de chamar ácido, o ácido lático é um componente da nossa barreira de hidratação. Ele ajuda nesse processo de proteção, por isso funciona muito bem em espumas de limpeza para quem sente a pele mais frágil.” Ela ainda recomenda o uso do cleansing oil: “Ele tem uma parte lipídica similar à da nossa pele, o que promove uma limpeza eficaz sem agredir”.

A especialista finaliza reforçando que os cuidados começam desde o primeiro passo. “É possível tratar desde a limpeza. Ingredientes como ácido glicólico, ácido lático, vitamina E e glicerina já começam a agir ali. E para quem tem manchas, uma queixa comum em peles negras, vale investir na esfoliação pelo menos duas vezes por semana.” Ela cita como exemplo o esfoliante de Chronos, que combina partículas vegetais, papaína, ácido glicólico e microesferas de bambu, auxiliando tanto na renovação celular quanto no controle da oleosidade.

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