Mundo Negro

“Bom dia, Eternidade”: o protagonismo do idoso negro no teatro

Foto: Júlio Cesar Almeida

Chove em São Paulo. Ir ao teatro é uma atividade prazerosa que nos leva a sonhar, a pensar no presente, no passado e no futuro. Para sair de casa tem que haver uma grande motivação. E o espetáculo “Bom dia, Eternidade” é um convite para levar a família ao teatro.

O grupo Bonde desde 2017 reverencia os ajuntamentos negros e periféricos com o objetivo de aquilombar-se. São artistas negros formados na Escola Livre de Teatro de Santo André que com trabalho de pesquisa sobre a teatralidade de ser negro apresentou espetáculos que atingiram milhares de pessoas nos últimos anos. Com a direção musical cuidadosa, sensível e bela de Fernando Alabê, somos impactados desde o início, com um desfile de canções de Djavan, Tim Maia, Jorge Aragão, Lupicínio Rodrigues, Johnny Alf e a surpreendente música de autores como Fernando Alabê, Roberto Mendes Barbosa e Luiz Alfredo Xavier. Interpretações maravilhosas que levam a plateia ao delírio e à emoção.

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A grande surpresa e a mágica da representação estão nos depoimentos das pessoas negras idosas que cativam e magnetizam o público em absolutamente todas as cenas. Ficamos com a sensação de estarmos ouvindo nossos avós, tios e amigos. Lembranças que nos levam a chorar e nos alegrar por aqueles momentos maravilhosos que vivenciamos em família.

Foto: Júlio Cesar Almeida

O Teatro Anchieta do Sesc Consolação estava lotado, com presenças ilustres de escritores e escritoras como Cuti e a Nete, atores e atrizes como Mestre Ivamar e Swane, o que mostrava o prestígio de que goza o coletivo Bonde. O entusiasmo das pessoas presentes era visível. Raros são os momentos que presenciamos no teatro com tantos atores e músicos com mais de 70 e 80 anos. Um acontecimento digno de beleza e de muita alegria.

Durante a exibição da peça, nós vibramos por aquela banda de músicos extraordinários: Cacau Batera, Luiz Alfredo Xavier Roberto Mendes Barbosa e Maria Inês com histórias de vidas dedicadas à apresentação nas casas noturnas de São Paulo, acompanhando grandes cantores e compositores como o exigente Tim Maia, o virtuoso Johnny Alf e tantos outros, fato que nos enche de orgulho e de satisfação.

O elenco de atores mostra um comprometimento com o texto que impressiona pela agilidade. Não foi uma tarefa fácil combinar a cenografia, a interpretação e a música com a utilização de audiovisual, um recurso na medida certa sem exageros que enaltece o protagonismo de idosos negros.

Foto: Júlio Cesar Almeida

Fiquei com boa sensação de que preciso convidar e levar amigos, parentes, colegas de trabalho a assistir este magnifico espetáculo. Há momentos que gostamos de reviver indefinidamente o trabalho de atores e músicos. O “Bom dia, Eternidade” é um deles.

Convido a todos que estejam em São Paulo a assistir “Bom dia Eternidade”. Vocês vão se surpreender. É um espetáculo que está sendo apresentado no Teatro Anchieta, no Sesc Consolação, com temporada até 25 de fevereiro de 2024, às sextas e aos sábados, às 20h, e, aos domingos e feriados, às 18h. Haverá sessões dia 25 de janeiro (feriado do aniversário de São Paulo), às 18h, e nos dias 15 e 22 de fevereiro, às 15h. Clique aqui para comprar os ingressos!

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