Mundo Negro

Bia Souza fala sobre a importância do amor próprio: “transformou a minha visão em relação a mim mesma”

Foto: Marcelo Barretto/Agnews

A judoca Beatriz Souza ganhou destaque mundial após conquistar a primeira medalha de ouro para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Além do seu reconhecimento no judô, o seu marido, Daniel Souza, também ganhou o coração do público, ao se mostrar sempre empolgado com as vitórias da esposa nas redes sociais, durante as Olimpíadas. 

O casal do momento demonstra muito afeto e cuidado um com o outro, mas antes se tornarem essa referência de amor negro, Bia relata que é preciso primeiro ter amor próprio. 

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“Eu acho que pra gente se permitir ser amado, pra gente saber o que é amor, a gente precisa se amar, em primeiro lugar. E por um bom tempo, quando estava na minha adolescência, eu meio que não sabia o que era isso, por conta que eu tinha algumas questões em relação ao meu corpo, ao meu tamanho, me comparava muito com as meninas nas quais eu andava, das minhas amizades”, disse a medalhista em entrevista ao Mundo Negro. 

“Depois de um tempo eu aprendi que eu precisava amar o meu corpo, precisava amar a minha ferramenta de trabalho, precisava me enxergar com outros olhos, e a partir disso foi transformando a minha visão em relação a mim mesma, a minha força, ao meu tamanho, principalmente no judô, né?”, completa.

“E nisso encontrei o Daniel, quem me ama exatamente do jeitinho que eu sou, mas acho que nada disso teria acontecido se eu não tivesse aprendido a me amar em primeiro lugar”, conta Bia Souza, inspirando outras mulheres. 

Recentemente, a campeã olímpica foi homenageada na 3ª edição do B.O.D.Y. (Body Open Define You), movimento de autoaceitação que promove discussões sobre a vivência da mulher na sociedade. 

Além de ter sido premiada no evento, Bia também participou como painelista com Cleo Pires, Thay OG e Assucena no painel ‘Dona de si: ditando a própria trajetória’, que foi mediado por Ju Ferraz, idealizadora do movimento. O talk, que foi um dos destaques da programação, discutiu as possibilidades de transformação do futuro para as mulheres e a importância de assumir a autoria de suas próprias narrativas.

Nele, Bia contou um pouco de sua trajetória, com ênfase para a fase de doze para treze anos quando saiu da casa dos pais, após o convite de um clube, para se dedicar ao treino do judô. E se emocionou ao falar do falecimento de sua avó um mês antes das Olimpíadas.

“Foi algo que mexeu muito comigo, porque ela foi uma das pessoas que sempre me apoiou. E quando eu soube que ela faleceu, de alguma forma eu queria mostrar para ela que todas as vezes que eu escolhi o judô e priorizei minha carreira, era porque iria valer a pena. Eu queria fazer ela se orgulhar de mim de alguma forma”, relatou. 

A escolha da peruibense para ser homenageada nesta edição se deu por sua representatividade nos Jogos de Paris. Além de conquistar a primeira medalha de ouro do Brasil no judô, Bia foi a primeira brasileira estreante a ser campeã olímpica em uma prova individual. Com sua trajetória, Bia demonstra que o corpo de uma atleta não precisa seguir padrões pré-estabelecidos. 

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