As mulheres negras são o grupo mais fragilizado durante a pandemia , na verdade até antes dela. De acordo com o estudo do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (2018), este público apresenta uma taxa de vulnerabilidade de 50% a mais que a de mulheres não negras e a Covid-19 só agravou esse quadro.
Para entender o comportamento das mulheres negras empreendedoras durante à quarentena, o ID_BR – Instituto Identidades do Brasil divulgou os resultados do mapeamento dos impactos da pandemia na vida das mulheres negras no Brasil. A primeira fase da pesquisa foi realizada logo no início das medidas de isolamento em parceria com as instituições Empodera, Empregueafro e Faculdade Zumbi dos Palmares.
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Os dados foram obtidos em uma pesquisa quali-quantitativa. Foram recebidas 536 respostas no total, sendo 369 válidas até o primeiro bloco de perguntas (acerca de características descritivas) e 294 respostas completas. As respostas mostram os impactos financeiros e psicológicos na vida das mulheres pretas e pardas durante a pandemia. A primeira fase foi feita no começo do isolamento e a segunda é a mais recente. 83% das participantes se identificaram como pretas.
81% das mulheres perceberam mudança de comportamento, com impacto na saúde mental, durante o isolamento. Destas, 45% apontaram que precisam de apoio psicológico e entre o grupo que são “mães solo” 45% indicaram que seu adoecimento mental foi gerado por questões financeiras.
“Não consigo me recolocar no mercado de trabalho, então precisei iniciar informalmente um negócio para ter uma fonte de renda. Tem sido um período de muita ansiedade e incertezas, que já impactaram na minha saúde física e emocional”, disse uma das entrevistadas.
A pesquisa ainda aponta que 60% das respondentes são empreendedoras por necessidade e desse total, 15% empreenderam a partir da quarentena, pois perderam o emprego ou tiveram a fonte de renda reduzida.
“Aumentou a minha preocupação e o estresse. Esse dinheiro do governo é muito incerto, eu sou desempregada, e estou perdendo a fé, e o que me deixa mais triste e a situação do meu filho que eu tenho medo e pavor que falte algo pra ele”, contou uma das entrevistadas.
49% das entrevistadas empreendem na informalidade e 42% destas, pretendem formalizar seus negócios, mas não sabem como fazer isso. Sobre os ramos de atuação dessas empresárias, os mais citados foram Beleza (13%), Gastronomia (11%), Artes (10%), Moda (9%) e Consultorias e Saúde.
47% das mulheres entrevistadas na pesquisa, não sabem durante quanto tempo seu capital de giro vai durar.
“Meu negócio é minha única fonte de renda durante a pandemia ficamos fechados durante 3 meses. Meus pais tiveram Covid-19 e no hospital meu pai sofreu racismo e maus tratos. Sou microempresaria não tenho condições de ter capital de giro. Estava em fase de ter loja virtual para vender direto pelo instagram, mas necessita investimento financeiro. Não consegui ainda o auxílio da caixa. Os bancos não disponibilizam empréstimo nesse momento, eu tentei. O dinheiro que tinha tive que pagar advogada para questões de aluguel e condomínio durante a pandemia. Estou devendo fornecedores”, disse das participantes do estudo.
Os dados mostram também que a maior parte das mulheres negras que responderam à pesquisa são jovens (estão entre 30 e 34 anos de idade) e escolarizadas, pois 61% possuem o Ensino Superior e, dessas, 31% cursaram Pós-Graduação.
Os dados completos da pesquisa estão disponíveis aqui (clique para abrir).
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