Em um país onde a beleza negra ainda precisa disputar espaço dentro dos protocolos estéticos, a trajetória da Drª Andréa Santana nasce como resposta e transformação. Farmacêutica clínica e esteta, ela construiu, a partir de Salvador, uma atuação que une ciência e compromisso social, tornando-se uma das principais referências nacionais em cuidados dermatológicos voltados à pele negra. Entre publicações científicas, palestras e atendimentos, Andréa tem feito da estética um instrumento de reparação: devolve autoestima, visibilidade e pertencimento a mulheres negras historicamente excluídas das narrativas de beleza.
Há 24 anos na área, farmacêutica clínica, ozonioterapeuta, docente, palestrante e CEO da Clínica de Estética Avançada Drª Andréa Santana, ela também é membro do Grupo de Trabalho do Conselho Regional de Farmácia da Bahia (CRF/BA) e integra a rede internacional Forbes BLK, que conecta lideranças negras de destaque em todo o mundo.
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Mas é no projeto social Da Pele Preta que a potência de seu trabalho se revela de forma mais profunda. Criado há dois anos, o projeto oferece tratamentos estéticos gratuitos para mulheres negras em situação de vulnerabilidade, promovendo acolhimento, escuta e reconstrução de autoestima. Em 2025, a ação beneficiou mulheres da comunidade religiosa Cumoa, em Piatã, reforçando a beleza como ferramenta de pertencimento e fé.
Em entrevista ao Mundo Negro, ela compartilhou histórias que marcam a essência do Da Pele Preta:
“Teve um momento que me marcou profundamente quando uma das mulheres, ao final do tratamento, se olhou no espelho e começou a chorar. Mas não eram lágrimas de vaidade, eram de reconhecimento. Ela disse que há anos não se olhava com amor, que a vida tinha endurecido. Ali percebi que meu trabalho vai muito além da estética, é reparação emocional e ancestral. É devolver a essas mulheres o direito de se verem bonitas, cuidadas, dignas de tempo e de toque. Cada pele que eu toco me lembra que autocuidado também é resistência.”
Em outro relato, ela lembra de uma mulher que chegou retraída, enfrentando a depressão e a vergonha do próprio corpo:
“Ela tinha vergonha da própria pele, quase sem cabelo, marcada por manchas e falhas. Com o passar dos encontros, começou a sorrir mais, a se arrumar, a falar sobre planos. Ver aquela mulher se reencontrando com a própria potência me mostrou que o Da Pele Preta não é só sobre estética, é sobre libertar identidades, resgatar autoestima e abrir caminhos para que mulheres negras ocupem espaços com confiança.”
Para Andréa, a estética negra é também um ato político e de afirmação.
“Quero que a sociedade entenda que cuidar da pele negra é um ato político e de amor. Por muito tempo fomos ensinadas a esconder o que somos, a clarear, a suavizar, a caber. Mas hoje, o que eu desejo é o contrário: que a nossa pele apareça, brilhe e inspire. A estética, quando aliada à consciência, se torna ferramenta de reparação, visibilidade e poder. Quero que olhem para a pele negra e enxerguem história, ciência, beleza e futuro.”
Mais do que um projeto de estética, o Da Pele Preta se consolidou como uma iniciativa de impacto social que atravessa territórios, histórias e gerações. Em dois anos de atuação, o projeto já atendeu dezenas de mulheres negras em situação de vulnerabilidade, oferecendo não apenas tratamentos dermatológicos, mas escuta, acolhimento e reconexão com a própria imagem. Drª Andréa Santana reafirma que a beleza, quando é consciente, pode ser também ferramenta de emancipação. E que cuidar da pele negra é, sobretudo, cuidar da memória e da dignidade de quem a carrega.
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