
O Carnaval de Salvador em 2025 teve um nome que ecoou com força nas ruas e nos corações dos foliões: BaianaSystem. A banda, conhecida por misturar ritmos tradicionais baianos com elementos eletrônicos e letras engajadas, foi uma das grandes protagonistas da festa, arrastando multidões e levantando questões importantes sobre cultura, política e segurança pública.
O trio elétrico do BaianaSystem, batizado de Navio Pirata, foi um dos mais disputados do circuito. Em sua última apresentação no Carnaval baiano deste ano, a banda percorreu o trajeto do Campo Grande até a Praça Castro Alves em três horas e 20 minutos, levando consigo um mar de gente que só crescia à medida que o trio avançava. O repertório, que mesclou clássicos como “Forasteiro” e “Terapia” com músicas mais calmas como “Salve” e “Batukerê”, foi adaptado ao longo do percurso para garantir a segurança e a sintonia com o público.
Notícias Relacionadas



Em um momento, o trio chegou a parar por cinco minutos para que dois foliões que passaram mal fossem atendidos pelo Corpo de Bombeiros. “A gente está aqui para curtir, mas também para cuidar uns dos outros”, destacou Russo Passapusso, vocalista e comandante do Navio Pirata, reforçando a conexão da banda com o público. O grupo também levou para as ruas um forte tom político. Durante o Carnaval, o coro de “Sem Anistia” ecoou nos circuitos, puxado pela atriz Alice Carvalho e acompanhado pela cantora Anitta, que participaram do bloco no Circuito Osmar. O grito, que faz referência à expectativa de condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, foi entoado por milhares de foliões e reforçou o caráter engajado da banda.
Russo também usou o palco do trio para defender causas populares, como o fim da escala 6×1 e a punição para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. “Aqui a gente canta, dança, mas também luta por justiça”, declarou, recebendo aplausos e vaias entusiasmadas da multidão.
O Carnaval do BaianaSystem também foi marcado por um momento de violência policial. No sábado, 1º de março, um vídeo que mostra policiais militares agredindo foliões com cassetetes durante o show da banda no Circuito Osmar viralizou nas redes sociais. As imagens mostram agentes dispersando a tradicional roda que se forma durante as apresentações do grupo, o que gerou revolta tanto do público quanto do vocalista.
“Eu já sabia que eles iam entrar batendo. Ninguém estava fazendo nada, nada, nada. Bate palma, ‘people’, pronto, constrangimento”, disse Russo, de forma irônica, ao pedir que o público vaiasse os policiais. O artista ainda optou por mudar o repertório para evitar mais conflitos. “Acho que não vai dar para tocar esse tipo de música aqui não, senão a gente vai apanhar. Vamos fazer uma coisa mais leve”, afirmou, demonstrando frustração com a ação da PM.
O episódio reacendeu críticas sobre a atuação da segurança pública no Carnaval de Salvador, com muitos apontando que a festa tem priorizado interesses empresariais em detrimento dos blocos afro e tradicionais, que são a base cultural e histórica da celebração.
Encerramento emocionante
A última apresentação do Baiana System no Carnaval 2025 foi marcada por um clima de celebração e resistência. O trio iniciou o percurso com músicas que homenageiam as religiões de matriz africana, como “Deixa a Gira Girar” e “Alfazema”, pedindo proteção e caminhos abertos. Ao final, o convidado Vandal tentou cantar “Balah ih Fogo”, mas a ladeira que dá acesso à Praça Castro Alves exigiu cautela. A banda então encerrou a festa como começou: com “Deixa a Gira Girar”, deixando claro que sua essência popular e engajada permanece intacta.
Notícias Recentes


