Em mais um episódio de descontentamento com as representações negras sobre o Egito Antigo, autoridades egípcias proibiram arqueólogos do Museu Nacional de Antiguidades (RMO) da Holanda de fazer escavações em Saqqara. O motivo seria por causa da nova exposição do museu, que eles descreveram como “afrocêntrica” por ligar Beyoncé, Rihanna e outros artistas negros ao Kemet.
A exposição “Kemet: Egypt in Hip Hop, Jazz, Soul & Funk” do museu Rijksmuseum van Oudheden (RMO) apresenta artistas negros descolonizados que usam o Egito Antigo como inspiração há anos. A exposição conta com fotografias de álbuns e videoclipes que mostram Beyoncé e Rihanna como Rainha Nefertiti, Nas como rei Tutancâmon, trajes inspirados no Kemet de Sun Ra e canções e outras inspirações de artistas como Nina Simone, Erykah Badu, Miles Davis, Lauryn Hill, entre outros.
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Segundo o museu, eles foram informados da proibição por e-mail que os acusava de “falsificar a história”. De acordo com diretor administrativo do museu, Wim Weijland, o objetivo do “Kemet” é “mostrar e entender a representação do antigo Egito e as mensagens na música de artistas negros e mostrar o que a pesquisa científica e egiptológica pode nos dizer sobre o antigo Egito e a Núbia”.
Weijland também acrescentou que o museu já explora (com autorização) a necrópole de Saqqara, perto do Cairo, há 50 anos. “O Rijksmuseum van Oudheden está funcionando em Saqqara desde 1975”, disse o diretor que também concordou que eles possuem total direito de proibir. “As autoridades egípcias têm todo o direito de rescindir uma licença para uma escavação; afinal, são suas terras e seu patrimônio. No entanto, o museu considera incorreto o argumento subjacente a essa decisão.”
Após a repercussão, muitos egípcios foram às redes sociais oficiais do museu criticar e muitos fizeram ofensas racistas sobre a exposição. Em nota, o RMO respondeu que não toleram ofensas racistas e discriminação e que convidam a todos para “visitar a exposição e formar suas próprias opiniões.”
Essa não é a primeira vez que o Egito reprova representações negras do Egito Antigo. Em abril, o Secretário-Geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, Mustafa Waziri, disse que representar Cleópatra como uma mulher negra é “uma falsificação da história egípcia”, se referindo a série documental “Rainhas Africanas: Cleópatra”, da Netflix, e que ela teria que ter a “pele clara”.
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