Cleissa Regina Martins prepara série sobre profissionais negros na moda
Com apenas 25 anos de idade, Cleissa Regina Martins é a primeira roteirista negra a ter um projeto autoral na TV Globo, o especial “Juntos a Magia Acontece” foi criado, roteirizado e assinado por ela, sendo também o primeiro totalmente protagonizado por uma família negra. Como resultado da obra, ela foi indicada na categoria de Roteirista do Ano no 4º Prêmio ABRA (Associação Brasileira de Autores Roteiristas), e é a concorrente mais jovem em três edições da categoria. Enquanto aguarda o resultado do prêmio, que acontece dia 30 de Outubro, dedica-se à criação de uma série documental, já financiada, sobre jovens negros na indústria da moda.
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“Saber que meu projeto foi relevante na visão dos meus colegas de profissão é bem importante, ainda mais sendo indicada ao lado de profissionais que eu admiro. Eu fui muito cuidadosa escrevendo e acho que essa indicação reconhece esse trabalho que, para além de representatividade, teve qualidade técnica”, ressalta Cleissa, que atualmente é co-representante do GT de Equidade Racial da Associação Brasileira de Autores Roteiristas.
Cleissa é formada em Ciências Sociais pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), seu pontapé no projeto que a levou à TV Globo em 2017, foi quando participou do Laboratório de Narrativas Negras da FLUP (Festa Literária das Periferias). Atualmente, está na emissora como autora-roteirista, e colaborou em “Malhação – Transformação” (Priscila Steinman e Márcia Prates, 2022) e numa série de ficção. “Eu tinha a ideia da história do especial desde 2016, sabia que precisava de uma grande produção e foi assim que aconteceu. Como autora estive muito envolvida em todas as etapas e sei que é essencial ter pessoas negras nessa posição”, ressalta.
A roteirista já venceu quatro dos seis prêmios para os quais foi indicada ao longo de sua trajetória no audiovisual, dentre eles “Best First-Time Filmmaker” (Alternative Film Festival 2020/Canadá) e “The Next Generation” (Prince Claus Fund 2019/Holanda). Cleissa começou a delinear seu caminho no cinema em 2014, num curso de cinema no Centro Afrocarioca. “Mas quando conheci a figura do Zózimo Bulbul revi minha relação com a ficção. Antes, achava que só o documentário era político e ficção era entretenimento. Ali comecei a pensar nessa questão de um audiovisual negro e vi que também era importantíssimo”, relembra.
A paixão pela moda colaborou no desejo de desenvolver a série sobre a inserção dos jovens negros neste mercado. “A moda é muito elitizada, uma área onde sinto falta de representatividade e sei que é bem difícil pra pessoas negras entrarem e se manterem. Então me interessa saber quem está conseguindo furar essa bolha e como estão fazendo isso. Acho que no audiovisual faltam coisas leves com personagens negros em posições dignas. Quero muito fazer uma comédia romântica, filmes de comédia pra família toda, para além dos dramas de temas mais pesados. Quero emocionar e contar boas histórias – com protagonistas negros e de um ponto de vista negro – mas espero realmente ter a liberdade de colocar a arte em primeiro lugar, porque acho que isso é negado pra gente também”, finaliza.
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