Amplamente utilizado na área médica como métrica de padrão para classificar pessoas “acima do peso”, o Índice de Massa Corporal (IMC) não deve ser utilizado como única medida de avaliação da saúde pelo preconceito racial enraizado em seu uso, segundo a Associação Médica Americana (AMA).
Segundo o New York Post, o Conselho de Ciência do AMA publicou um relatório na semana passada favorável a uma nova política de avaliação de peso e saúde nos Estados Unidos, desencorajando o uso do IMC com a justificativa de que o índice não leva em consideração as diferenças étnicas e raciais. Além disso, o IMC também não leva em conta a distribuição da gordura pelo corpo e não considera as diferenças entre idade e sexo.
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A entidade classificou o índice como “indireto e imperfeito” porque seu uso colabora com a “exclusão racista”. “O IMC não representa apropriadamente as minorias raciais e étnicas”, afirma o documento.
O Índice de Massa Corporal foi desenvolvido pelo matemático belga Lambert Adolphe Jacques Quetelet, no final dos anos 1800, que determinou que o peso corporal de um “homem normal”seria proporcional a sua altura. O matemático fez esse cálculo com base no “imaginado caucasiano ideal”, no século 19.
Em 1972, a descoberta feita por Quetelet em um estudo composto apenas por homens europeus brancos, foi utilizada como base pelo fisiologista americano Ancel Keys para o cálculo estimado de gordura corporal.
“Nossa AMA reconhece: os problemas com o uso do índice de massa corporal (IMC) como uma medida porque: (a) da eugenia por trás da história do IMC, (b) do uso do IMC para exclusão racista e (c) limites de IMC são baseados no caucasiano ideal imaginado e não consideram o gênero ou a etnia de uma pessoa”, diz o Conselho.
Segundo o AMA, “os sul-asiáticos, em particular, têm níveis especialmente altos de gordura corporal e são mais propensos a desenvolver obesidade abdominal [do que os brancos], o que pode explicar seu risco muito alto de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”. O artigo afirma ainda que, “alguns estudos descobriram que os negros têm menos gordura corporal e maior massa muscular magra do que os brancos com o mesmo IMC e, portanto, podem ter menor risco de doenças relacionadas à obesidade”.
As informações compartilhadas pela Associação Médica Americana reforçam a importância de os especialistas não se basearem apenas no IMC para determinar questões de saúde ligadas à obesidade, considerando que o índice segue um padrão eugenista. A decisão da AMA tem como impulsionar uma mudança no sistema de saúde, com foco em uma abordagem mais inclusiva e abrangente na avaliação da saúde e do peso.
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