“Eu vendi a minha cafeteria, a minha avó doou o carro dela para eu poder vender e seguir viagem, eu fiz rifa, eu fiz sorteio… “. Nataly Castro tem a meta de ser a primeira mulher negra brasileira a conhecer todos os países do mundo.
A jornalista e viajante profissional, que está atravessando o continente africano, reapareceu em seu perfil no Instagram (@viajesemlimites) , depois de mais de 48h sem dar notícias a sua família, fato que dominou os noticiários desde a noite do último domingo (29) e gerou uma comoção online.
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Em um vídeo de quase 10 minutos, registrado na residência cedida por Madeleine, uma mulher na Libéria, onde Nataly encontrou refúgio para descansar, a jovem compartilha sua jornada marcada pela determinação de visitar todos os países do mundo. No entanto, ela não omite as adversidades enfrentadas na busca por seus objetivos.
Especificamente sobre o “sumiço”, a falta de recursos para viagens mais seguras por vias aéreas fizeram com que Nataly sofresse assédio durante seu trajeto a pé em uma fronteira, ela então teve que mudar de rota e ficar mais distante de locais onde fosse possível o acesso à Internet.
“Na última semana eu passei por alguns países, já passei pelo Senegal, pela Gâmbia, Guiné-Bissau, Guiné, Serra Leoa e agora a Libéria. Eu passei por uma situação de assédio em uma das fronteiras que eu passei. E eu tinha enviado um vídeo chorando pra minha família, que foi um dos últimos contatos que eu tive com eles”, descreve a jovem que, quando finalmente encontrou alguém com acesso a internet pelo caminho, a pessoa não tinha WhatsApp, mas conseguiu enviar para a família da jornalista o recado de que Nataly estava bem.
“EU DORMI NA FRONTEIRA”
Além dos desafios por ser uma mulher negra em países onde esta presença nem sempre é bem vista, ainda mais em viagens solo, Nataly relata como a falta de apoio e dinheiro faz com que ela lide com situações que mexem com sua saúde física, mental e segurança.
“A verdade é que eu estou passando mais tempo na estrada, viagens de 3, 4, 5, 10 horas do que nos próprios lugares. Então, assim, os últimos dias estão sendo muito cansativos. Tô cansada, tô exausta. Tô, tipo, literalmente destruída, porque quando você tá na estrada, você se alimenta mal”, desabafa Nataly que detalha a sua dieta durante essa viagem. “Na estrada eu não tenho muita comida. E tem alguns lugares que eu não quero comer a comida porque eu não sei a procedência, não sei a água que foi usada, não sei como foi usado. E aqui eles comem bastante peixe, eu não sei da onde aquele peixe saiu, se aquela água estava limpa, se o peixe foi limpo. Então eu acabo preferindo coisas mais básicas, como biscoito, maçã, fruta, milho e batata”. O resultado dessa alimentação e rotina é que a viajante está há uma semana com o intestino preso.
Além dos diversos banhos de caneca, com água quente e fria, Nataly relatou a precariedade das hospedagens que tem ficado, isso quando ela não dorme na própria fronteira. “Eu dormi há uns dois dias atrás numa fronteira que misericórdia. Era tipo um galpão onde tinham vários colchões e tinha rato, tinha barata, tomei banho de caneca. Banho gelado, sabe? Tipo assim, uma situação assim que eu fico, caraca (sic), eu precisava passar por isso? Mas enfim, faz parte da jornada”.
Apesar de tudo ela encoraja outras mulheres a viajarem, mesmo que sozinhas. “Como mulher, viajando sozinha, eu tive ajuda de pessoas locais, então isso também me deu mais conforto. Em nenhum momento eu estou aqui para desanimar, desencorajar ninguém, muito menos mulheres. Porque vocês têm visto a minha jornada, o que eu mais faço é encorajar e empoderar vocês para mostrar que tudo é possível(…) Claro que a gente tem que pesquisar, tomar cuidado, se informar, usar estratégias”.
DIFICULDADES FINANCEIRAS E DOAÇÕES
“Infelizmente não consegui levantar os recursos necessários e eu preferi fazer por terra porque é melhor fazer do que não fazer”, diz Nataly sobre seus percursos terrestres no continente africano. “Embora sejam 6, 10 horas de viagem, eu pago R$20, R$30, R$100, R$200. Depende da passagem, né? E do tipo de transporte. Então, assim, cada trecho aéreo, dependendo do país que você vai visitar aqui, é de R$2.000, R$3.000, R$4.000, R$5.000. São 54 países aqui no continente africano. Então, para poder arcar com tudo isso sozinho, eu não consigo”.
Nataly usa seus conhecimentos jornalísticos para abastecer seu perfil no Instagram com muito conteúdo, o que é elogiado pelo público e outros viajantes.
Sem nenhum apoio fora do âmbito familiar e sem patrocínios, Nataly pede doações para poder concluir a sua meta. “Ao me conectar, somente a minha família foi avisada, não acreditem em nada que não tenha sido compartilhado aqui. Não tenho equipe. Quem me ajuda é a minha prima e assessora @nayanecarollines e a minha família, apenas!”, esclareceu a jornalista que deixou na legenda do seu vídeo o pix para doações
PIX :39729560000117
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