As eleições representam um dos momentos mais importantes da democracia. É a hora de escolhermos o prefeito e os vereadores que irão decidir sobre a gestão dos municípios. Um dos temas mais importantes que deveriam ser abordados é sobre o racismo institucional que constrói diariamente barreiras e abismos entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e a população negra, o que resulta em piores condições de saúde e uma histórica vulnerabilidade social.
As péssimas condições de vida impostas à população negra nas cidades limitam e criam obstáculos no acesso aos serviços de saúde. A luta do movimento negro por décadas levou o Estado brasileiro a reconhecer que o racismo é um determinante social da saúde, e como todos os determinantes sociais, é um problema político, e problemas políticos dessa natureza devem ser resolvidos por meio de políticas públicas adequadas e específicas.
Notícias Relacionadas
Larissa Luz no AFROPUNK: Um espetáculo visceral de música e dança
Aliados ou Protagonistas? O perigo de brancos ‘salvadores’ no agenciamento de carreiras negras
No dia 13 de maio de 2009 foi instituída a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, por meio da Portaria 992. A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) representa um importante marco na história da saúde pública nacional, ao reconhecer o racismo como um determinante social que impacta a saúde dos brasileiros.
Segundo dados do Primeiro Boletim Epidemiológico, de outubro de 2023, elaborado pela Ministério da Saúde:
“Em 2018, 1.550 (27,8%) localidades declararam ter incluído em seus planos municipais de saúde ações previstas na PNSIPN. Em 2021, esse número subiu para 1.781 (32%), um pequeno aumento de menos de cinco pontos percentuais (p.p.). Porém, apenas 686 localidades deram continuidade à política de 2018 para 2021. Ou seja, somente 12,3% dos municípios brasileiros declararam possuir ações da PNSIPN em ambos os anos dos inquéritos do IBGE. Isso revela que não apenas a adoção, mas também a manutenção das ações da PNSIPN ainda são incipientes”.
Este dado revela a necessidade de nos mobilizarmos durante o processo eleitoral para exigir de nossos candidatos a vereadores e prefeitos o compromisso de efetivação da Política Nacional da Saúde Integral da População Negra, comprometendo-se na elaboração de Planos Municipais de Saúde que tenham orçamentos, cursos de formação de todos os profissionais e criação de instâncias especificas para gestão de políticas voltadas para a população negra.
Na maior cidade do país, São Paulo, só dois candidatos: Tabata e Boulos, definiram propostas de políticas voltadas para a questão de gênero e raça. Vamos debater com todos os candidatos a prefeitos e vereadores para que as gestões municipais incorporem, em seus planos municipais de saúde, ações da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, criando instâncias, projetos e programas voltados para esta população.
Notícias Recentes
Lançamento de “Aspino e o boi” leva memórias quilombolas à literatura infantil
Novembro Negro | Seis podcasts e videocasts apresentados por mulheres negras para acompanhar