Artista sul-africana, Zanele Muholi, expõe no IMS Paulista obra que une beleza e luta da comunidade LGBTQIAPN+ negra

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Artista sul-africana, Zanele Muholi, expõe no IMS Paulista obra que une beleza e luta da comunidade LGBTQIAPN+ negra
Foto: Beowulf Sheehan/PEN America/Opale/Bridgeman Images

No sábado (22), o IMS Paulista inaugura a exposição gratuita Beleza Valente, primeira mostra individual no Brasil da artista e ativista visual Zanele Muholi. Nascida em 1972, em Umlazi, na África do Sul, Muholi é reconhecida por seu trabalho que combina arte e política, documentando e celebrando a comunidade negra LGBTQIAPN+ em seu país e no mundo. A mostra, com curadoria de Daniele Queiroz, Thyago Nogueira e Ana Paula Vitorio, traz mais de 100 obras, entre fotografias, vídeos, pinturas e esculturas, produzidas desde 2002 até os dias atuais.

Durante a abertura, a artista vai se reunir com o público para uma conversa, às 15h, e de uma sessão de autógrafos do catálogo da retrospectiva às 17h. A exposição inclui séries emblemáticas, como Faces e Fases (2006), que reúne retratos de pessoas negras lésbicas, não binárias e transgêneros masculinos, e Somnyama Ngonyama (2012), composta por autorretratos que exploram questões de identidade, ancestralidade e resistência. A série Bravas Belezas (2013) também está presente, com retratos de participantes do concurso Miss Gay RSA, desafiando padrões tradicionais de beleza.

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Apinda Mpako e Ayanda Magudulela, Parktown, Joanesburgo, África do Sul, 2007 © Zanele Muholi, cortesia Yancey Richardson, Nova York.

Além das obras consagradas, a mostra traz fotografias inéditas feitas por Muholi durante sua residência artística em São Paulo, em 2024, quando a artista participou do Festival ZUM e conheceu organizações LGBTQIAPN+ locais. Essas imagens estabelecem um diálogo entre a luta por direitos na África do Sul e no Brasil.

A trajetória de Muholi é marcada pela luta contra o racismo, o preconceito e os crimes de ódio que persistem na África do Sul, mesmo após o fim do apartheid e a implementação da Constituição de 1996, que proibiu a discriminação racial, sexual e de gênero. Inicialmente, a artista focou em fotografias de denúncia, expondo episódios de violência. Com o tempo, passou a retratar e autorretratar, criando um vasto arquivo que confronta e subverte narrativas coloniais.

Miss Lésbica VII, Amsterdã, Países Baixos, 2009 © Zanele Muholi, cortesia Yancey Richardson. Nova York

“Tudo o que eu quero ver é apenas a beleza. E beleza não significa que você tenha que sorrir, mostrar os dentes ou se esforçar mais. Basta existir”, afirma Muholi. A exposição também inclui trabalhos do início da carreira de Muholi, como a série Apenas Meio Quadro (2002-2006), que documenta vítimas de violência de gênero e racial, e Ser (2006), com registros de casais de mulheres lésbicas negras em momentos de intimidade.

A mostra fica em cartaz até 23 de junho, com uma programação paralela que inclui debates, exibições de filmes e atividades educativas. Para Muholi, a arte é uma forma de projetar publicamente a existência orgulhosa e bela de pessoas negras e LGBTQIAPN+, resistindo à violência e ao apagamento histórico.

Serviço
Exposição Beleza Valente – Zanele Muholi
Local: IMS Paulista (Av. Paulista, 2424)
Data: 22 de fevereiro a 23 de junho de 2025
Horário: Terça a domingo, das 10h às 20h (quinta-feira até as 22h)
Entrada gratuita
Mais informações: www.ims.com.br

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