Com mais de 40 anos de carreira, a atriz Edvana Carvalho estreia no Rio de Janeiro seu primeiro monólogo, “Aos 50, quem me aguenta?”, uma celebração ao poder feminino negro na maturidade. O espetáculo, que estreia em 11 de setembro no Teatro Glauce Rocha, traz reflexões bem-humoradas e críticas sobre temas como envelhecimento, racismo e a experiência de ser uma mulher negra e madura na sociedade contemporânea. Em entrevista exclusiva ao Mundo Negro, Edvana compartilhou suas vivências pessoais e o que a inspirou a escrever o roteiro, além de sua visão sobre a representatividade da mulher negra nas artes.
Quando questionada sobre a evolução da representatividade da mulher negra no teatro e na televisão, Edvana é direta: “Lenta, mas se movendo.” Com uma carreira que começou em Salvador e passou por importantes produções da Globo, como “Malhação” e “Renascer”, a atriz vê progresso, mas ainda pondera que essa evolução demorou para chegar. “Acredito que está sendo um pouco melhor para as mais jovens, e isto me deixa feliz. Elas não terão que esperar fazer 50, 60, 70 anos para terem reconhecimento na carreira, principalmente financeiro”, explica.
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Inspirada por sua vivência pessoal e pelas obras de Conceição Evaristo, Edvana decidiu levar ao palco o que ela chama de “escrevivência”, conceito que resgata as histórias e experiências de mulheres negras, antes silenciadas. “Eu estava adoecendo nas escolas, precisava me desabafar. Politicamente, era um momento ruim também”, conta. “Depois de muita invisibilidade e silenciamento histórico, a escrevivência liberta mulheres negras como eu.” O espetáculo traz a maturidade como um ponto central, e, aos 56 anos, Edvana explora com humor e autenticidade os desafios e conquistas dessa fase da vida. “Aos 50, quem me aguenta?” revela, além de um desabafo pessoal, uma crítica à sociedade que ainda valoriza excessivamente a juventude, deixando de lado as ricas vivências das mulheres mais velhas.
Edvana acredita que a arte pode ser uma poderosa ferramenta para desconstruir tabus e, no caso dela, o humor é um aliado essencial. Ao falar sobre temas como envelhecimento e negritude de forma leve, a atriz acredita estar contribuindo para mudar a visão da sociedade sobre a visibilidade da mulher negra. “Cada um contribui com o que tem. Sou artista, então contribuo escrevendo ou atuando, além de outras contribuições, como a docência, criar filhos, cuidar da minha mãe.”
Como uma veterana no mundo das artes, Edvana tem um conselho direto para as futuras gerações de artistas negros e negras: “Estuda, mete o pé na porta e vai-te embora!” Para ela, o caminho da conquista é árduo, mas a preparação e a ousadia são essenciais para abrir espaço em uma indústria que ainda impõe desafios. Com uma postura otimista e segura, Edvana compartilha o que mais aprecia em sua maturidade: “Tentar cuidar do corpo, dar muitas risadas, ver a família crescendo com a chegada dos netos, ter amigas/os, ter orgasmos acompanhada ou não, e trabalhar com o que gosta!” A atriz, que também é avó, vive essa fase com empoderamento e leveza, provando que há muito a ser celebrado na maturidade.
Com “Aos 50, quem me aguenta?”, Edvana Carvalho não apenas comemora sua trajetória de 40 anos no teatro, mas também abre espaço para discussões essenciais sobre o papel da mulher negra na sociedade, especialmente quando se trata de envelhecimento e empoderamento.
SERVIÇO:
“AOS 50 – QUEM ME AGUENTA?”
Temporada: 11 a 26 de setembro de 2024
Local: Teatro Glauce Rocha, Rio de Janeiro
Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada)
Ingressos Antecipados: Sympla
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