Aos 15 anos, campeã pan-americana, Íris Isaac, busca realizar sonho de competir no Mundial de Karatê no Japão

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Aos 15 anos, campeã pan-americana, Íris Isaac, busca realizar sonho de competir no Mundial de Karatê no Japão
Foto: Divulgação

Resgatar a história de mulheres negras no esporte como a velocista Melânia Luz, primeira de nós a representar o país em uma Olimpíada, integrando a delegação brasileira que foi à Londres no ano de 1948, ou de Daiane dos Santos, que brilhou por muitos anos na ginástica olímpica e Ketleyn Quadros, judoca que se tornou a primeira brasileira a conquistar uma medalha olímpica em esporte individual depois de levar o bronze na competição de 2008, é fundamental para que nossos jovens e crianças possam se inspirar.

Mas o caminho até que o reconhecimento nacional e o patrocínio que possibilite a ida às competições cheguem, pode ser bastante desafiador. A jovem Íris Isaac é um exemplo disso, a adolescente de 15 anos pratica Karatê desde os cinco, quando foi pela primeira vez a uma academia onde sua mãe trabalhava como personal trainer e se apaixonou pela arte marcial japonesa. Atualmente, é Bicampeã Brasileira Kumite 2022/2023, Tetra Campeã Carioca Kata e Kumite e campeã Pan-americana Kumite JKA 2023. A adolescente foi convocada para competir no 16º Torneio do Campeonato Mundial de Karaté da Taça Funakoshi Gichin (JKA), que ocorrerá entre os dias 25 e 27 de outubro, no Japão, mas com poucos recursos financeiros, ela espera alcançar o valor necessário para a viagem através de doações.

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Dedicada, Íris contou para o site Mundo Negro que sua meta atual é conquistar o mundial japonês, mas seu sonho é chegar aos Jogos Olímpicos, quando a modalidade for incluída no evento. “Agora sonho mesmo é ser, um dia, campeã Mundial e participar das Olimpíadas”, disse a jovem, que compreende o valor de sua presença no esporte: “Sou a atual campeã panamericana na minha faixa etária e espero inspirar outras meninas a praticarem o karatê”.

Confira a entrevista completa com a atleta:

Você começou no karatê aos 5 anos. O que mais te atraiu no esporte e te motivou a continuar?

Nunca pensei em praticar nenhuma luta, fazia ballet e jazz, mas um dia minha mãe me levou à academia que ela trabalhava e fiz uma aula experimental de karatê. Fiquei encantada! Dar socos e chutes, brincando? Foi muito legal!  O Sensei André Reis, que me acompanha e ensina até hoje, foi aos poucos tornando as aulas mais interessantes e desafiadoras. Gosto de ultrapassar barreiras, de subir um novo degrau, de aprender um novo Kata [combinações de ataques e defesa previamente estabelecidos], aprimorar minha técnica no kumite [luta ou combate] e a filosofia do karatê de superação, caráter, concentração e comprometimento me ajudam na vida.

Me tornei faixa preta aos 14 anos e continuo buscando o meu melhor dentro e fora do karatê.

Como é sua rotina de treinos atualmente? Algum aspecto especial do seu treinamento para o mundial de JKA?

Eu faço a preparação física 5x na semana com uma excelente profissional, minha mãe, Leila Azevedo, que é Personal Trainer. Treino karatê com meu Sensei, André Reis, 3x na semana e aos sábados temos um treino com os integrantes da seleção brasileira que residem no Rio de Janeiro.

Não tenho nenhum treino especial ou específico para o Mundial, mas o foco é ajustar e corrigir até que fique perfeito.

Você vê o karatê como uma carreira de longo prazo? Quais são seus sonhos e metas para o futuro no esporte?

O karatê já faz parte da minha vida e não consigo me imaginar sem ele. Quero poder viver o karatê, a minha vida inteira. Minha meta atual é conseguir trazer uma medalha do Japão. Dizem que antes do talento vem a dedicação e o esforço e eu não corro de um trabalho duro para conquistar o que eu mereço.

Agora sonho mesmo é ser, um dia, campeã Mundial e participar das Olimpíadas (o karatê não faz parte AINDA).

Como você enxerga a representatividade das mulheres negras no karatê e no esporte em geral?

O karatê é uma arte marcial japonesa com influência asiática e a introdução da prática no Brasil vem de imigrantes japoneses, logo, é elitizado e não faz parte da cultura preta. [Têm] Pouquíssimos atletas pretos, e muito menos mulheres. Mas espero que um dia isso mude. Me sinto orgulhosa de ser uma menina negra que teve a oportunidade de ultrapassar essa barreira com muito sucesso, mas nunca me abalei por ser minoria. Faço o meu melhor e tenho colhido os frutos da minha dedicação e comprometimento.

Sou a atual campeã panamericana na minha faixa etária e espero inspirar outras meninas a praticarem o karatê.

Você está fazendo uma vaquinha para financiar sua participação no mundial de JKA no Japão. Como tem sido a resposta das pessoas e quais são suas expectativas em relação a essa campanha?

Todos os custos, de todos os campeonatos e viagens são pagos pela própria atleta e eu só tenho uma ‘MÃETROCÍNIO‘, que é professora e abdica de muitas coisas para me oferecer oportunidades no meu esporte. Então, nas viagens internacionais, sempre promovemos uma vaquinha para ajudar nos custos.

Temos ótimas pessoas próximas que divulgam e contribuem financeiramente, mas só que o Japão é muito mais caro do que podemos sonhar nesse momento. Mas sonho mesmo, seria ter um patrocinador que acreditasse numa atleta adolescente cheia de vontade de vencer!

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