Ministra também falou sobre a criação de um programa para proteger atletas negros de discriminação racial na Europa
Neste domingo (23), a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, reforçou o combate ao racismo contra brasileiros na Europa em colaboração com autoridades portuguesas. Um dos assuntos abordados pela ministra foi a criação de um programa para proteger atletas brasileiros de racismo sofrido dentro e fora do campo.
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Em uma comitiva com o presidente Lula à Portugal, a ministra Anielle Franco participou da 13ª Cimeira Luso-Brasileira, que não acontecia há seis anos, e fechou um apoio com o país para o enfrentamento ao racismo e xenofobia sofrida por brasileiros.
Em uma reunião com a ministra de Assuntos Parlamentares de Portugal, Ana Catarina Mendes, um dos motivos levantados para o apoio é o relatório anual de 2021 da “Igualdade e Não Discriminação Racial e Étnica”, da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR), de Portugal.
Segundo o estudo, os brasileiros são um dos que mais sofrem racismo em Portugal. Dos motivos apresentados no documento, 39,2% é por causa da nacionalidade, 17% pela cor da pele e 16,9% pela origem etnico-racial.
Anielle Franco também pretende replicar algumas praticas que dão certo no país vizinho para o Brasil, como o observatório de racismo e discriminação mantido por pesquisadores da Universidade de Lisboa. “Foi muito importante ouvir da própria ministra que o Brasil está ainda mais avançado do que Portugal no letramento racial, ainda que saibamos que a gente precisa evoluir muito”, disse a ministra após a reunião.
A reunião também contou com a presença do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, e da ministra da Cultura, Margareth Menezes. “Foi uma reunião bastante produtiva, onde fizemos propostas essenciais, primordiais. Acolhemos também as demandas dos brasileiros e brasileiras que aqui vivem”, comentou Anielle.
Também foi levantada na reunião a criação de um programa para combater o racismo no mundo dos esportes sofridos por atletas brasileiros em terras europeias. Segundo relatátorios do “Discriminação Racial no Futebol”, realizada por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, a maioria dos casos acontecem no futebol. Em 2021, houve o registro de 158 casos de racismo.
“Contudo, o ano de 2021, mesmo tendo ocorrido sem a presença do público em boa parte dele, bastou o retorno dos torcedores aos eventos esportivos para evidenciarmos como um ano que igualou o número recorde de discriminação e preconceito no esporte brasileiro, que foi 2019, com 158 registros. Em relação ao ano anterior, 2020 foi um aumento de 97,5%”, comentou um dos pesquisadores do relatório.
Um dos casos mais recorrentes é o do jogador do Real Madrid, o brasileiro Vini Jr. Nos últimos meses o atleta vem sofrendo ataques racistas no campo, fora dos jogos e na internet.
O programa de combate ao racismo por atletas terá o apoio do Ministério dos Esportes e também será debatido na Espanha, próximo destino da comitiva do presidente.